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terça-feira, 28 de maio de 2013

Entrevista Pete Wentz:“Honestamente, o Fall Out Boy seria uma grande dor de cabeça de fazer se a gente não amasse”



Como as conversas sobre o retorno começaram? O Patrick disse que vocês já estavam colaborando um com o outro de qualquer forma, mas que não estavam felizes com isso.
O Patrick, na minha cabeça, é o exato oposto de mim. Onde eu vejo preto, ele sempre vê branco. Eu preciso dessa perspectiva na minha vida. Quando nós voltamos era uma versão ruim, tipo karaokê do Fall Out Boy. Parecia a versão Cuyahoga Falls do Fall Out Boy: em algum lugar no meio do nada essa é a versão karaokê do Fall Out Boy. Para mim, o Patrick sempre me instruiu em como viver. Eu quero dizer da forma na qual ele não é mais velho do que eu e não é uma pessoa vocal, mas o modo como ele vive me faz pensar que eu poderia ser uma pessoa melhor. Ele é uma pessoa mais legal do que eu. Ele é compreeensivo, o que é bom. De alguma forma nós estamos ligados um ao outro.

Nós queríamos incluir o Black Cards no nosso especial Unheard Music no ano passado, mas o seu empresário não gostou da ideia. Por que não?
  Eu não consigo lembrar exatamente quando isso aconteceu. Eu sinto que poderia ter sido suficientemente perto de quando estávamos fazendo coisas com o Fall Out Boy, então não queríamos nos envolver com  outras coisas. Esse é o problema “quando você tem uma banda ou faz algum tipo de arte que faz sucesso de repente, a próxima coisa que você faz, você tem que solucionar. Se nós fizéssemos o disco depois do anuncio, você meio que tem que fazer isso na frente de todo mundo – e isso quer dizer que você não tem tempo para solucionar nada. Quando nós começamos o Black Cards, ela seria essa banda, ela iria fazer sentido, mas como essa coisa reggaeton. Conforme se moveu, ela mudou. Quando você cria uma nova banda isso acontece o tempo todo. Aconteceu com o Fall Out Boy várias vezes. Nós tivemos vários bateristas e então resolvemos, “Okay, o Patrick vai tocar guitarra e cantar”.
Nós fizemos um milhão de demos com o Black Cards, mas nunca fizemos nada. Eu sou uma pessoa que acredita em coisas de qualidade: eu não vou colocar meu selo em qualquer coisa que sai. Nós não fizemos um álbum muito convincente. Nós lançamos um EP que eu realmente gostei e acreditei nele. Ele acabou tocando em rádios de dance e rock moderno, mas eu não sinto que nós fizemos um álbum conciso que fizesse sentido. Isso foi em parte culpa minha. Eu estava em um buraco negro emocionalmente e eu não conseguia desvendar como sair e quando eu finalmente fiz isso eu fiquei tipo, “Okay, vamos fazer essa coisa da forma que ela é”. E se tornou o que não era. Eu não sou o tipo de pessoa que mente para si própria. Eu não acho que muitas pessoas estavam olhando para mim por fazer música como aquela.
Eu sei o que as pessoas gostam em mim e eu não acho que eu fazer músicas como aquelas que não tinham letra fazia sentido para as pessoas. Nós tocamos na França várias semanas atrás com esse cara chamado Kavinsky, que é um colega de gravadora. Eu fiquei tipo, “Quem aqui conhece o Kavinsky?” Em Paris, duas crianças levantaram as mãos. Há pouquíssimo cruzamento naquela música. Muito disso é por causa do tipo de música que o Fall Out Boy fez e das bandas que nós saímos em turnê junto que são muito baseadas nas letras e na imagem. Música dance e EDM são muito mais sobre e vibe sem uma tonelada de cruzamento entre elas. Todo mundo estava muito nervoso e obviamente o Bob [McLynn, empresário do FOB] é super protetor. O que é bom: com outro empresário nós, provavelmente, estaríamos no Fall Out Boy por tempo demais. Acho que foi bom que nós tivemos muitos conselhos.

Nós todos sabemos as histórias sobre os astros do rock que gastam tanto quanto ganham. O Andy Hurley mora no centro oeste e toca em bandas de hardcore. Mas você está em Hollywood e você começou vários outros negócios. Existe algum elemento nessa volta que é necessário para você manter o seu estilo de vida e o do seu filho financeiramente?
  Meu empresário me odiaria se eu dissesse que sim. [risos] Nós nos demos muito bem em uma era na qual as pessoas ainda compravam música e eu sinto que fiz bons investimentos sólidos e tive um ótimo empresário que não me deixou gastar todo meu dinheiro no Starbucks. Eu moro em um lugar bem calmo em Studio City. Eu acho que minha casa é menor do que a casa na qual eu cresci. Provavelmente custou a mesma coisa, mas não é um composto louco ou algo assim. Eu não vivo fora do meu orçamento. Eu sinto que tem certas coisas que, enquanto o Hurley tem outra banda para conseguir grana, ele tem sua vida e a vive; ele toca em bandas de hardcore e é o que ele quer fazer. Eu não acho que alguém está dando cheques loucos para ele tocar no XtimeoutX ou qualquer banda que seja. O Patrick está produzindo, eu apresentando o Best Ink e trabalhando na Decaydance. Eu acho que esses empreendimentos complementam minha renda.
Honestamente, o Fall Out Boy seria uma grande dor de cabeça de fazer se a gente não amasse. Eu, pessoalmente, sei que eu tenho um milhão de maneiras muito melhores de fazer dinheiro se é isso que importa. Tem algumas coisas que eu descobri sobre jogar com o sistema. Eu sei como jogar e isso, obviamente, eu tenho um pé na porta por causa do Fall Out Boy. Se fosse sobre o dinheiro, eu faria outras coisas. Elas são um pouco mais fáceis. Eu tenho 33 anos e um filho de 4 anos. Eu só vou viajar e ficar longe dele se importar para mim. Eu tive um pai que viajava muito quando eu estava crescendo. Eu não entendia isso: ele era um consultor legal para as indústrias Helene Custis. É triste que eu levei 30 anos e ser pai para realmente entender que ele estava sustentando nossa família. Eu acho que se eu tiver um bom legado e puder dizer ao meu filho que eu estava pensando nele e que eu estava fazendo tudo isso por acreditar, então tem mais significado para mm. É algo que eu sinto que ninguém pode entender a não ser que tenha algum amigo que te diga ou se você é pai.
Isso não quer dizer que o Fall Out Boy é um trabalho de caridade. É algo no meio. Eu me estabeleci como um adulto feliz no ultimo ano e meio da minha vida. Eu fiquei agitado por um minuto enquanto estava no meio da promoção do Best Ink e voando de costa a costa para conseguir fazer tudo. O tempo não era perfeito para fazer as duas coisas. Se fosse pelo dinheiro, eu teria feito de outra forma.

Como uma pessoa que costumava adorar assistir coisas da cultura pop, e então se tornou parte disso e agora meio que saiu do outro lado do mundo do TMZ de alguma forma, como você se sente com a jornada?
  Não há manual para isso. Eu pensei nisso por muito tempo. Eu me senti abençoado em tudo que eu fiz na minha vida e que tive a chance de fazer. Eu sinto que fui envolvido em muitas coisas que eu estou realmente orgulhoso e algumas que eu não sou super-orgulhoso pela forma que mudaram quem eu era como pessoa e me cimentaram em minhas crenças. Tem sido uma jornada e uma daquelas coisas que eu não sinto a necessidade de estar em uma relação de poder-casal. Eu recebo essas coisas todos os dias: “Você foi convidado para isso”. Se for para a Disney e meu filho foi convidado também? Ótimo. Eu não preciso estar na inauguração de toda porra de balada que abre em Los Angeles. Isso explodiu minha cabeça antes do hiato, me perguntaram muitas coisas. Muitas das perguntas eram sobre como eu estava levando a vida, mas nunca sobre o que nos tinha levado pra dentro da porta. Nunca sobre as coisas que as pessoas pensavam serem meus talentos. Era sempre essa coisa de celebridade insípida. Eu sinto que está indo embora. É uma bolha que estoura em algum ponto. Pelo menos agora as pessoas gostam de assistir as pessoas que elas celebraram tanto. Eles gostam de assistir eles sofrerem um pouco. Parece estar diminuindo um pouco. Não está mais super em foco. Estão voltando a gostar das pessoas por seus talentos.

Como se talvez o pêndulo tivesse oscilado?
  É legal ver bandas tipo o Mumford & Sons e Fun ganharem Grammys. Ou o Fun, eu não conheço eles muito bem, mas tem algo que faz com que seja mais real.
É uma coisa diferente quando você está mais velho e você é uma espécie de estadista velho. Essas coisas são legais. Quando bandas tipo o You Me At Six estão no show de Londres ou qualquer coisa, é legal porque você fica tipo, “Oh, vocês são uma grande banda. É legal que vocês vieram ao nosso show”. É legal.


fonte:AltPress

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