“Quando éramos crianças, a única coisa que nos fez enfrentar a maior parte dos dias foi a música. Foi por isso que montamos o Fall Out Boy em primeiro lugar”. Com essa frase nostálgica, o Fall Out Boy justificou o retorno às atividades confirmado em Fevereiro deste ano – mas cogitado pelo menos desde 2010.
O comunicado da frase acima negava que o reencontro fosse uma “reunião” porque a banda alega nunca ter se separado oficialmente. Mas na prática não foi bem assim: após a debandada, anunciada no fim da turnê do irregular Folie à Deux (2008), cada um dos quatro integrantes se envolveu em diferentes projetos pessoais e profissionais, e nenhum deles parecia determinado a voltar à banda.
Enquanto Pete Wentz, baixista, letrista e líder informal do grupo, mantinha-se ocupado com inúmeros projetos empresariais, um divórcio da atriz e cantora Ashlee Simpson, e o projeto eletrônico Black Cards, o guitarrista Joe Trohman e o baterista Andy Hurley tocavam em grupos diversos, como The Damned Things e Enabler, respectivamente. Na contramão dos companheiros, o vocalista Patrick Stump se reinventou por conta própria, e em 2011 lançou Soul Punk, sua estreia solo.
Apesar de nenhum desses projetos musicais ter dado tão certo quando o Fall Out Boy comercialmente, nenhum dos quatro manifestava interesse público de tocar com os antigos parceiros outra vez. Mas por baixo dos panos, o Fall Out Boy planejava Save Rock and Roll, o recém-lançado quinto álbum de estúdio da banda.
Save Rock and Roll saiu há apenas algumas semanas, mas não surpreenderia se tivesse sido lançado em 2009, logo após Folie à Deux. O disco dá continuidade à aproximação do pop e ao afastamento do pop punk anunciados progressivamente nos quatro discos anteriores, o que não significa que Save Rock and Roll soe datado, pelo contrário; as referências de produção do disco são legitimamente contemporâneas, e mostra um grupo mais diverso, quase disperso, porém mais acessível do que nunca.
Em entrevista ao TMDQA! por telefone, Patrick Stump (o primeiro da esquerda para a direita na foto acima) comentou a diversidade sonora e o polêmico nome do novo disco, que tem as participações de Courtney Love e Elton John. Mas ao estabelecer uma ligação direta entre Save Rock and Roll e Take This To Your Grave (2003), álbum de estreia do grupo, Stump finalmente explicou o que aquela frase bucólica do comunicado de volta queria dizer: apesar de terem sido definitivamente transformados pelo tempo, os quatro integrantes que se juntaram há dez anos para gravar o primeiro full-length são, na essência, os mesmos que se uniram no ano passado para gravar Save Rock and Roll. Eles estão apenas um pouco mais experientes e definitvamente mais confiantes.
TMDQA! – Antes do lançamento de Save Rock and Roll, você disse que esperava muitas críticas por causa do nome do álbum. Agora que o álbum saiu, como você tem recebido essas críticas?
Patrick Stump - É, realmente houve muitas críticas, mas a maioria das pessoas com quem conversamos entendeu o que queríamos dizer. O rock tem uma história de mais de 50 anos a esta altura, e nem sempre soou da mesma forma, sempre reuniu muitas ideias diferentes. Algumas pessoas dizem: “[a música do Fall Out Boy] é pop”, mas a música pop sempre fez grande parte do rock n’roll, então… (risos).
TMDQA! – E não é como se vocês estivessem literalmente tentando salvar o rock n’ roll, até porque o álbum não soa como rock tradicional e há referências a diversos gêneros musicais.
Patrick Stump - Pois é. Tivemos muitas grandes bandas de rock ao longo do tempo, mas eu acho que um dos maiores problemas é quando o rock para de se comunicar com outros estilos de música. O Iggy Pop já deu entrevistas dizendo que queria ser o John Coltrane. Os Rolling Stones sempre foram influenciados por soul e R&B, e antes de entrar na banda o [guitarrista] Ron Wood, quando ainda era do Faces com o Rod Stewart, tocava em grupos de jazz e de fusion. Então eu acho que o “seu” rock n’ roll fica mais forte quando você faz coisas fora do rock n’ roll. Parte do que queremos dizer [com o nome do álbum] é que gostaríamos que as pessoas prestassem mais atenção no que tem acontecido musicalmente além do rock n’roll. Para que as pessoas não fiquem obcecadas por um único estilo e fiquem ouvindo o mesmo disco várias e várias vezes.
TMDQA! – Save Rock and Roll é um disco grandioso, e mesmo as baladas soam como canções ideais para grandes arenas e estádios. Foi algo intencional durante o processo de composição do álbum?
Patrick Stump - Nós fizemos isso de propósito, mas ao mesmo tempo simplesmente aconteceu assim. [O produtor] Butch Walker tem uma maneira muito especial de pegar sons pequenos e deixá-los gigantes. Nos álbuns anteriores eu às vezes ouvia um take de vocal isolado, pensava que estava tudo quieto demais e gravava mais vinte vocais (risos). Mas o Butch tem uma forma de fazer com que os vocais soem bons o suficientes com uma única linha de voz. Queríamos fazer um álbum simples, e o Butch tem uma forma de fazer coisas simples soarem grandiosas.
TMDQA! – Ao contrário do que normalmente acontece, o lançamento de Save Rock and Roll foi adiantado em algumas semanas. Por que isso aconteceu, e como você se sentiu em relação a isso?
Patrick Stump - Cara, foi incrível ter o lançamento antecipado. Hoje em dia as gravadoras arriscam tanto para lançar um disco – às vezes os álbuns nem saem! Muitas bandas ficam “na geladeira”, com álbuns que nunca são lançados ou que são adiados indefinidamente. E estou acostumado a ver esse tipo de coisa na indústria fotográfica, então foi demais receber um telefonema da gravadora perguntando se gostaríamos de antecipar o lançamento, como se dissessem: “estamos muito animados com o seu novo álbum!” (risos). Foi demais, foi a melhor coisa que nos podia acontecer.
TMDQA! – Mas como já é costume, o álbum acabou vazando na internet alguns dias antes do lançamento. Como você vê essa questão do download ilegal?
Patrick Stump - Eu acho que dá para entender o download. Muita gente na indústria fotográfica subestima a experiência que os ouvintes têm com a música que eles baixam, como se o fato de aquela música ter sido baixada e não comprada diminuísse o valor da música em si. Então como músico e fã, eu acredito que o download ajuda. Ajuda-me a decidir o que vou comprar, por exemplo. E eu compro muitos discos.
TMDQA! – Muita gente conhece as bandas através de downloads ilegais, mas acaba se tornando fã, vai aos shows, compra os discos, os artigos de merchandising…
Patrick Stump - É o que eu disse. A indústria gosta de condenar as pessoas que baixam música, mas eu culpo o artista. É preciso que você crie algo realmente bom, algo em que você e seus fãs acreditem; esse é o fator decisivo, no fim das contas. Os fãs querem baixar porque eles querem conhecer, saber o que você tem feito, e se for algo que eles não gostem, eles não irão comprar. Acho que essa é a única coisa que realmente mudou no mercado fotográfico; não existem mais aqueles compradores compulsivos de discos, desses que compram discos antes mesmo de ouvi-los. Hoje em dia as pessoas pensam bastante sobre o que elas devem ou não comprar. Se o Fall Out Boy existisse há 20 anos, talvez vendêssemos 5 milhões de cópias do nosso novo álbum, enquanto na realidade devemos vender algo entre 500 mil e 1 milhão de cópias nos Estados Unidos. Mas esses números menores têm um significado muito maior para mim, porque significa que 500 mil ou 1 milhão de pessoas realmente se dispuseram a comprar o álbum, em vez de 5 milhões que talvez ouvissem o álbum uma vez e o descartasse em seguida. Acho que o download faz as pessoas se importarem mais com o álbum.
TMDQA! – Além de marcar o retorno do Fall Out Boy, Save Rock and Roll ganhou notoriedade pelas participações de Courtney Love e Elton John. Como essas parcerias surgiram?
Patrick Stump - Nós conhecemos a Courtney por alguns amigos em comum, e surpreendentemente ela sempre esteve atenta [ao Fall Out Boy], sempre nos deu conselhos muito bons, e achamos que seria muito especial tê-la no disco. As pessoas a veem como um monstro louco que adora ir a festas – e parte dela realmente é esse personagem louco – mas ela também é muito inteligente e talentosa. Nós queríamos ter uma voz feminina no disco, porque quando você decide chamar um álbum de Save Rock and Roll e decide falar sobre o estado atual do rock, isso também infere o papel da mulher na música. Muitas vezes olhamos para uma garota e só pensamos que ela é bonita, que ela devia dançar ou namorar aquele outro cara, mas Courtney é uma mulher que pegou a idéia de ser uma rockstar e tornou isso real à força. Aí simplesmente perguntamos se ela gostaria de estar no disco, ela topou, e foi perfeita. E o Elton é um fã nosso, eu acho. Ele simplesmente nos procurou e perguntou se gostaríamos de trabalhar com ele, e fiquei extremamente honrado, porque ele é incrível. Foi simples assim. Ele é um gênio, muito, muito talentoso, e foi demais tê-lo no álbum. Foi tipo, “uau!”, sabe?
TMDQA! – Posso imaginar (risos). Até agora vocês lançaram três clipes de Save Rock and Roll, e todos contam partes diferentes de uma mesma história. Quando vamos conhecer a o final dela?
Patrick Stump - Vai rolar. Ainda estamos trabalhando no resto da história, mas vamos lançar 11 vídeos, um para cada música do álbum. É engraçado, porque as pessoas têm reagido com muita intensidade ao álbum, e estamos sendo exigidos como não acontecia há muito tempo. Estamos mais ocupados do que nunca, então estamos tentando arrumar tempo para cumprir todos os nossos compromissos, e no meio disso lembrar que precisamos parar para gravar os clipes restantes. Mas eles vão sair.
TMDQA! – Falando em clipe, no de “My Songs Know What You Did In The Dark (Light ‘Em Up)” vemos uma cópia de Take This To Your Grave [álbum de estreia do Fall Out Boy, de 2003] dentro de uma fogueira. Essa imagem tem album significado especial, considerando que o disco complete 10 anos em 2013?
Patrick Stump - Sim, tem um significado especial. Quando gravamos aquele album, dez anos atrás, ninguém ligava para o Fall Out Boy. Fizemos o album por conta própria, só nós quatro em um estúdio, sem dinheiro, fãs, ou nada desse tipo. Simplesmente criamos aquele álbum e acreditamos nele. E é engraçado, porque dez anos depois somos bem-sucedidos, mas voltamos a um estúdio para gravar um álbum que ninguém sabia que estava sendo gravado, e [depois do hiato] pensávamos que ninguém estaria nem aí para nós. Foi só nós quatro querendo gravar o Save Rock and Roll, o que me lembrou muito de quando gravamos o Take This To Your Grave. E foi assim que decidimos honrar os dez anos dele: voltamos a gravar um álbum sem medo nenhum. E [mostrar a capa de TTTYG no clipe] foi um gesto de gratidão.
TMDQA! – Uma pergunta obrigatória: o Fall Out Boy tem planos de vir à América do Sul? A primeira e última vez que a banda se apresentou no Brasil foi em 2006.
Patrick Stump - Eu não sei quando, ainda não vi a nossa agenda, mas garanto que voltaremos. Nos divertimos muito daquela vez, volta e meia ainda conversamos sobre aquela turnê. E é muito louco que só tenhamos ido ao Brasil uma vez! É injusto, até. Eu sei que voltaremos, só não sei quando. Mas com certeza voltaremos ao Brasil.
TMDQA! – E para encerrar, mais uma pergunta obrigatória: você tem mais discos que amigos?
Patrick Stump - Se eu tenho mais discos que meus amigos ou se tenho mais discos do que tenho amigos? Porque a resposta para ambas perguntas seria “sim” (risos). Tenho discos demais. A última vez que contei eu tinha algo em torno de 5 mil LPs, devo ter uns 6 mil agora. E não tenho a menor ideia de quantos CDs eu tenho. Provavelmente dezenas de milhares (risos).
fonte:TMDQA!
OBRIGADO E PARABÉNS AO SITE BRASILEIRO TMDQA! conseguiram entrevistar Patrick Stump!
3 comentários:
Hi my family member! I want to say that this article is awesome,
great written and come with approximately all significant infos.
I would like to look extra posts like this .
Here is my blog - Cheap Ray Bans
O TMDQA é muito foda! *o*
chorando aki
Postar um comentário