O Fall Out Boy não lançou um álbum em quase cinco anos, mas isso não impediu que o “Save Rock And Roll” estreasse em primeiro lugar algumas semanas atrás.
Apesar de que eles já chegaram lá antes (o álbum “Infinity On High”, de 2007, também estreou no topo), isso é uma grande realização para uma banda que muitos na indústria haviam descartado como reis de um gênero cujo tempo havia passado.
Ainda assim, o vocalista Patrick Stump não está deixando isso subir à cabeça, “Eu acho que tem muita pressão exterior para se focar em números, mas nós tentamos nos focar em fazer música”, Stump diz. “Quando você é o número 1 ou o número 300, você ainda toca e ainda escreve as músicas”.
Numa extensa conversa com o EW,Patrick Stump fala sobre a criação do “Save Rock And Roll”, sobre como é trabalhar com Pete Wentz e porque Elton John sabe mais de música do que qualquer outra pessoa.
Qual foi a primeira música que ficou pronta para o “Save Rock And Roll”?
“Where Did The Party Go” foi a primeira. Pete e eu estávamos jogando várias ideias e às vezes o Pete falava em forma de charadas muito engraçadas. Essa é uma das coisas clássicas que costumava me frustrar, quando as pessoas ficavam reclamando que os nossos longos títulos das músicas não faziam sentido nenhum e não tinham relação alguma com a música. Eu sempre pensei, “Você tem que falar com o Pete Wentz, porque quando você anda com ele por dez minutos, você percebe que é a forma como ele fala”. Ele jogou esse quebra-cabeça para mim e ele queria que eu combinasse um monte de outras músicas e emoções que eram completamente diferentes. Como um musico treinado, eu pensei, “Essas coisas literalmente não podem ficar juntas”. Mas ao tentar fazer isso, eu não só me surpreendi, mas fiquei pensando, “Sim, é isso!”. Foi a primeira música que eu senti que parecia ser da banda. É uma ótima música e uma música importante de se ter no disco, mas o mais importante é a história por trás dela porque é a música que realmente abriu o disco para nós. E tem uma dica de onde queríamos chegar com ela, porque ela soa bastante como o velho Fall Out Boy e ao mesmo tempo nada como o velho Fall Out Boy.
Seus discos realmente se desenvolveram com o tempo, então, o que você considera ser o “velho” Fall Out Boy?
Uma das coisas que nós queríamos brincar era pegar essas marcas com as quais as pessoas identificam a gente e levá-las para fora das definições superficiais. As pessoas falam comigo o tempo todo sobre o emo, e eu não tenho problema nenhum em ter sido identificado dessa forma, mas não cometa erros, nós nunca planejamos ser uma banda emo. Essa nunca foi a conversa que tivemos. Quando o Pete tinha aquele corte de cabelo, era só ele fazendo sua própria coisa estranha. Tudo sobre isso foi meio acidental. Então há uma tentação em focar em recapturar aquele espírito que nós tínhamos em 2003 e eu não posso discordar com isso, porque foi quando a banda se descobriu. Mas eu acho que nós realmente tentamos fazer um disco do Fall Out Boy sem nenhum gênero envolvido.
O trabalho de alguém fora da banda influenciou a forma como vocês gravaram dessa vez? Ou foi só o negócio de sempre?
Eu acho que nós ganhamos diferentes níveis de respeito uns pelos outros. Nós realmente vimos o que cada cara poderia fazer. Tem algo especial sobre nós quatro. Tem um monte de bandas que você pode ver que se resumem a um ou dois caras na condução do navio. Nós fizemos todos esses discos solo para provar que nós não precisamos um dos outros para fazer música, mas nós precisamos um dos outros para fazer essa música. Eu acho que tem algo sobre essas quatro personalidades que é especial. É diferente de outras bandas. É difícil descrever, mas nós somos muito sortudos e voltando para isso temos mais de um sentido disso agora. Como músicos e escritores, nós confiamos muito mais uns nos outros agora.
Como “The Phoenix” foi feita?
Eu estava brincando com um monte de loops e eu estava ouvindo muito Shostakovich, o compositor Russo. Eu estava ouvindo uma de suas sinfonias e achei um momento de cordas que eu amei. Eu sou um idiota, porque eu não pego amostras, eu tento escrever algo que é inspirado por algo que eu gosto muito. Então eu escrevi essa música toda nova em torno desse momento de cordas, mas acabei descobrindo que tem uma música de hip-hop muito popular na Alemanha que utiliza esse mesmo momento da sinfonia de Shostakovich. É no meio dos oito minutos de música, mas ambos apegamos a este bit de dois segundo. Então eu falei isso pro Pete e ele me mandou essa letra e eu acho que é uma das músicas que nós escrevemos mais rápido. Nós mexemos muito, mas os ossos da canção foram feitos da primeira inspiração. Então obrigado, Dmitri Shostakovich.
Como o Elton John acabou cantando a canção título?
Ele aparentemente é um fã, o que é algo louco de se pensar. Isso acabou chegando até a gente e eu, em uma espécie de blefe, perguntei se ele queria fazer uma música com a gente. Nós já tínhamos acabando o álbum e já estava marcado para começar a masterizar e nós recebemos uma ligação do pessoal do Elton dizendo que ele adoraria participar. Então nós seguramos tudo e remarcamos a masterização. Foi tipo, “Por um cavalheiro? Claro!”. Então eu voei até Atlanta e gravei com ele e foi incrível. Ele é uma estrela e eu acho que aprendi mais naquelas três horas do que eu aprendi em dez anos de sessões e coisas assim.
Além disso, ele é muito fã de música.
Falar com ele fez eu me sentir tão inadequado sobre meu próprio conhecimento sobre música. EU sou um cara que sabe bastante sobre música, mas eu fiquei chocado que não só ele sabe sobre a geração dele melhor do que eu, mas ele também sabe sobre a minha geração melhor do que eu. Ele conhece todos os discos e ele se liga em tudo.
Ele te deu algum conselho?
O que eu levei comigo daquela sessão foi que você realmente tem que amar o que você faz e você realmente tem que amar música. Uma das coisas que realmente me atingiu, e Elton e eu falamos sobre foi sobre o título da música, é como sobre ele não é nada esnobe com nenhum tipo de música. Boa música é boa música, não importa de onde ela vem. Eu acho que essa é uma coisa muito importante para carregar com você. Eu acho que isso é parte do tema do disco. Quando você é uma criança pequena, você só gosta de música que é feliz e divertida. Quando você fica mais velho, você chega à faculdade ou aos seus 20 anos e decide que a música tem que te desafiar e que toda arte tem que ser inteligente. Então você começa a pensar que isso te faz gostar mais de grandes obras de arte e começa a deixar de lado o que considera uma arte menor. Eu nem penso nas coisas como arte menor. Eu não acredito nisso. Arte menor é algo racista ou algo assim. Nós estávamos em uma ilha desta forma, porque nós somos esses velhos caras do punk rock tentando fazer um disco de pop peculiar. Não existem muitas mãos para se segurar nesse navio, e o Elton entendeu 100% disso, e não apenas isso, ele nos ensinou mais sobre isso. Eu acho que isso é outra coisa que se aprende com o tempo: o Elton sobreviveu às paradas por tempo suficiente para ver todos os tipos de gêneros e estilos irem e voltarem, e a única coisa que importa é que ainda existem boas músicas. Se eu aprendi algo com aquela sessão, foi isso.
A carreira dele é incrível porque até as coisas que são consideradas menos como material do Elton John são incríveis. Ele é como o David Bowie – até as coisas não tão boas são muito boas.
Eu estava realmente inspirado pelo Bowie ao fazer esse disco. Eu estava lendo sobre o sucesso de “Let’s dance” e eu estava pensando sobre como quando o Bowie fez “Let’s Dance”, ela era tão corajosa e artística e uma grande surpresa, porque ele era Ziggy Stardust fazendo seus discos pop soul nos anos 80 com o Nile Rodgers. Aquilo totalmente saia daquele campo, totalmente louco, e nada do esperado. Ele provavelmente teria feito um milhão mais rápido se repetisse o Ziggy. Eu sempre pensei sobre isso e realmente pensei nisso enquanto fazia esse álbum. Uma das coisas que sempre foi o Fall Out Boy foi tentar fazer novas coisas e meio que nos puxar em direções diferentes.
Vocês tem uma turnê de teatro começando agora e então uma turnê maior, de arena, no outono. Vão ser shows diferentes? Vocês têm abordagens diferentes dependendo de onde tocam?
Nós somos uma banda que corta os dentes em porões e bares, mas há um conjunto de habilidades completamente diferente em arenas. Se eu fosse assistir uma banda numa arena e fosse só uma banda no palco eu ficaria chateado. Nós temos umas ideias loucas. Nós somos só um bando de crianças ineptas do centro oeste, mas nós ainda gostamos de mexer com arte das performances e tentar coisas diferentes. Eu espero que eu não seja jogado para fora do chão novamente. Eu não gostei daquilo. Eu fiz aquilo todas as noites por dois meses em 2007, e eu não gostei daquilo.
Como foi tocar com o Harry Shearer durante a sua homenagem ao Spinal Tap no Conan?
Foi tão divertido. Ele é tão engraçado e toca muito bem também. Para um cara que faz dinheiro como comediante, ele é um ótimo baixista. É o que eu estou falando, cara: todas essas coisas, é quase como ter uma segunda chance na carreira e pode fazer todas essas coisas uma segunda vez e apreciar isso é um presente. Eu disse isso outro dia e é muito verdade: talvez seis anos atrás, se nós estivéssemos fazendo essa entrevista, eu estaria estressado ou distraído. Agora, entendendo e vendo a ascensão e queda de muitas outras bandas e meus próprios picos e vales, eu aprecio isso muito mais. Então, só de poder ir ao Conan, e então poder ter o Harry Shearer, foi louco. Meu mais objetivo quando adolescente era abrir um show no Metro em Chicago, que é um lugar para 1500 pessoas. Então tudo que aconteceu desde então tem sido muita sorte e bônus.
fonte:Music Mix
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