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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Entrevista com Patrick Stump


Atualmente fazendo turnê pelos EUA com seu quinto disco, “Save Rock And Roll”, o Fall Out Boy tem escrito isso melhor do que você já sentiu desde 2001. Com participações de Elton John, Courtney Love e Big Sean, e flertando com gêneros como metal, dubstep e disco, sua primeira obra desde a separação de 2009 é definitivamente o seu mais ambicioso trabalho. O disco chegou ao segundo lugar nas paradas da ARIA em abril deixando tudo mais confuso pelo título. O vocalista e guitarrista Patrick Stump oferece sua opinião sobre o atual estado da música e Courtney Love, explica porque seu álbum solo foi uma reação a uma morte em sua família e porque ele ainda é, felizmente, o garoto que vive ao lado.

  Como foram os seus primeiros shows com a banda após gravarem o “Save Rock And Roll”?
Os primeiros shows após a gravação foram uma grande surpresa, em primeiro lugar nossa química juntos foi reenergizada de uma forma que eu não esperava e em segundo lugar a plateia estava tão diferente. Eles estavam fervendo e novos… a maioria deles nunca tinha visto a gente. Nós esperávamos tocar para vários dos mesmos fãs que nós tínhamos antes, mas, estranhamente, nós acumulamos novos fãs durante o tempo fora. Eu tinha voltado a ficar o tempo todo em uma vida suburbana quieta, então um crescimento de gente me seguindo foi novidade para mim.

Você falou brevemente sobre a era CBGB anteriormente; essa foi uma época invejável para música e o título do álbum foi uma interessante menção a aquilo. Você pode falar um pouco sobre o motivo de este disco ser uma reação ao estado atual do rock and roll?Sobre a era CBGB, eu diria que a coisa que mais me excita sobre isso não é só o advento do punk rock; todas as facetas da música naquele tempo (as cenas disco, hard rock, new wave, garage-rock, cantores-compositores, prog, country e então as cenas fluorescente do eletrônico e do hip hop, até o sonolento soft rock, etc) pareceram ser novidade. Você pode olhar para um homem de negócios que usou o mesmo corte de cabelo por toda a sua vida adulta e por alguma razão e logo em seguida resolvem todos decidem usar costeletas. Foi uma época selvagem. Fuçar em todos aqueles discos é como ver uma explosão em câmera lenta… cada pedaço de estilhaço deixou um novo entalhe e causou outra reação em cadeia única. Atualmente eu sinto que o mundo da música tem ido em frente de uma forma excitante, mas em algum lugar do passado toda a inovação é “Rock and Roll”, o que está cada vez mais se tornando uma música de herança. Nós parecemos fingir que “Rock” é uma coisa que brotava dos pelos do peito de Robert Plant pilotando uma Harley e vomitando “Metal”, enquanto fuma um Bud Light. Isso se torna velho e velhice é uma droga. Tem uma diferença entre ensinar a velha receita do pão para os netos pra que eles possam dar seu próprio toque nele e deixar um pedaço de pão velho num prato de petri porque você o amava demais. É sufocante. Então, sobre o título do álbum, sim, é um título meio de brincadeira que veio que quatro nerds do subúrbio. De qualquer forma, nós genuinamente queremos ouvir música “Rock” tentando ser selvagem e saindo do caminho como quando o Blondie tentou fazer rap, quando o The Clash fez back-beats, quando os Ramones tentaram soar como um grupo feminino do Phil Spector, e quando o Elvis Costello tocou reggae (apenas alguns discos antes de tocar country!). E se ninguém mais vai fazer isso então nós vamos sair na frente e fazer esse disco louco com o Elton John e o Big Sean.

A colaboração com a Courtney Love foi uma grande forma de lembrar os jovens de um ícone feminino do rock, o que mais salta a sua cabeça sobre a época em qu estava gravando com ela?Courtney é tipo uma versão concentrada de mulher; você pega todos os tipos de força feminina de uma vez quando ela está por perto. Ela é maternal e infantil. Cínica e séria. Glamourosa e gelada. Um gênio contido e uma louca solta. Andar com ela é muito intenso, mas é incrível pela mesma razão. Eu diria que a minha coisa favorita sobre trabalhar com ela foi o quão próximo ela chegou das nossas letras; eu honestamente não posso dizer onde nossa acaba e dela começa. Ela entendeu nossa pequena banda boba tão bem.

O “Soul Punk” pareceu ser um grande e importante projeto que você precisava fazer por você mesmo. Olhando de volta para esses anos do projeto solo, teve alguma coisa do Fall Out Boy que você sentiu que estava dando como garantido?Foi incrivelmente importante, sim. A versão mais curta que posso falar disso é que eu estava lidando com uma morte muito ferrada na minha família, mas eu não me sentia (não sinto) confortável dizendo nomes… então, eu tive que encontrar uma forma de disfarçar isso em metáforas e sintetizadores. Eu não poderia fazer esse cara emocional com uma guitarra, então eu fiz um disco funk. Você sabe: escolha obvia.
Sobre o Fall Out Boy eu acredito que estava levando como garantido! Eu estou envergonhado de admitir isso, mas fiz isso sem estar sabendo disso, é claro. Eu acho que toda a experiência foi importante. Eu acho que eu realmente precisava ter a responsabilidade de enfrentar um projeto, mas também de ser rejeitado por isso. Isso foi importante para o meu crescimento como artista… até o ponto em que a maioria de tudo que eu colocava para fora tinha sido abraçado pelo nosso público, mas creditado mais fortemente para alguém aos olhos do público (Pete). Eu meio que acidentalmente me escondi atrás dele e deixei ele levar muita da glória, mas mais importante, os esporros da imprensa e tudo isso. Quando nós saímos em turnê com o “Folie à Deux”, aquela foi a primeira vez que nosso público olhou para mim especificamente querendo dizer “Patrick, por favor! Salve-nos dessa porcaria de música que vocês estão tocando!” Enquanto isso eu ficava “Uh… eu… eu gosto dessa porcaria de música. Eu escrevi essa porcaria de música”.
Eu levei isso mais a fundo com a coisa solo e enquanto muita gente gostou disso, um grupo muito escandaloso de fãs rejeitaram isso com força. Isso me fez entender como o Pete se sentia enquanto eu estava me escondendo atrás dele, mas de uma forma estranha eu também percebi o quão amado o Fall Out Boy era. Quando algumas crianças gritavam “seu disco solo é uma droga” eu comecei a entender que isso era eles secretamente pedindo por mais Fall Out Boy.

O Fall Out Boy tinha essa sensação meio cansada, de garotos que moram ao lado, nos dois primeiros discos, inevitavelmente vocês cresceram e saíram disso, mas existem algumas faixas que qualquer pessoa passando por uma fase ruim pode se relacionar. Você ainda tem emoções similares as que você tinha no “Take This To Your Grave”?Ah sim, muito. Eu acho que nós estávamos mais conectados com nossas emoções durante os dois primeiros discos do que nos outros dois álbuns, principalmente porque nós não éramos mais o brinquedinho novo e brilhante. Quando nós escrevemos o TTTYG e o FUCT, não tinha muitas pessoas se importando ou criando expectativas sobre nós. Quando escrevemos o IOH e o Folie, o Pete não podia sair sem que os paparazzi o seguissem. Eu, eu era aquele cara que você citava quando queria fazer uma piada de gordo. Foi uma época muito estranha para nós, então é claro que nós perdemos essa conexão com nós mesmos. Tornou-se muito difícil escrever sobre vidas normais quando não estávamos vivendo isso. Agora nós estamos nessa grande posição na qual as pessoas sabem nossas músicas e querem nos ver ao vivo, mas eles não ligam de verdade para nossas vidas pessoais. Os entrevistadores pararam de me perguntar qual é a atriz ou cantora que eu tenho uma queda e estão me perguntando como eu fiz essa decisão artística ou o que significa alguma letra. As alegrias de seus vinte e poucos anos são versos do final de sua adolescência! Eu amo isso. Isso pode ser o quão sarcástico eu quiser. Eu não invejo os caras do One Direction, entretanto haha. Isso tudo nos permitiu a voltar a uma vida de verdade. Agora nós somos os mesmos caras cansados que moram ao lado, mas com aquela camada que a rejeição, o divórcio e algumas mortes te dão. Agora todos nós mesmo que entendemos que as pessoas que nós dizíamos “vão se foder pra sempre” na adolescência geralmente são as pessoas que você acaba tendo que ver pelo resto da sua vida. Todos nós tivemos que aprender a engolir desaforos. Esse disco todo é tipo aquele cara cansado que mora ao lado dando o obrigatório aceno para a sua ex-namorada. De alguma forma “foi muito bom te ver” é mais brutal do que dizer “vá se foder para sempre”.

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