Pete Wentz, Patrick Stump e Elton John querem salvar o rock com pop? Oh, deixe que eles expliquem isso…
2013 tem sido o ano da volta. Primeiro o Justin Timberlake retornou de um hiato que parecia indefinido para lançar um álbum criticamente divisionista que superou quase todas as expectativas comerciais. Então, tem o Daft Punk que voltou aos holofotes ao tornar o ciclo de pré-lançamento em uma forma de arte hype. E tem o Fall Out Boy, uma banda que lançou seu primeiro álbum em quatro anos, o “Save Rock And Roll”, que estreou em primeiro lugar na Billboard. Isto completou uma re-aceitação na elite pop para um grupo que saiu do álbum menos bem sucedida de sua carreira, que fraturou sua base de fãs e quase causou a dissolução da banda.
O Fall Out Boy uma vez abriu seu álbum com um grito do Jay-Z. Eles tinham cacife para colocar para fora um mixtape com um verso de Kanye West. Eles estão agora mais uma vez no escalão da música pop (ou algo próximo disso), mas isso só mostra o quanto eles são diferentes do Timberlake e do Daft Punk. Enquanto aquelas voltas foram febrilmente antecipadas, pouquíssimas pessoas estavam checando à volta do Fall Out Boy. O cantor Patrick Stump disse a SPIN por telefone de Nova Iorque numa sexta-feira deste mês: “Então, vocês vão sair em turnê? Vocês vão fazer vários shows? Esta era a grande questão. Ninguém nos perguntou se faríamos um novo disco, em todo o tempo que estivemos fora, ninguém perguntou isto”.
Eles gravaram o seu novo álbum em segredo antes de voltarem com um novo vídeo estrelando o 2 Chainz. O “Save Rock And Roll” mira em nada além da dominação do pop, para cutucar o Fun pra fora da posição de banda americana de pop rock com um toque experimental. Até agora estão indo bem – mas como Stump e como o letrista e baixista Pete Wentz dizem a SPIN em duas conversas separadas, está longe de ser uma estrada fácil ou obvia.
Entre o “Folie a Deux” de 2008 e o “Save Rock And Roll”, vocês sairam e gravaram discos solo? Isso fez com que fosse mais fácil ou mais dificil voltar ao Fall Out Boy?
Patrick Stump: Eu acho que os trabalhos solo ajudaram a banda de muitas formas. Eu acho que a coisa mais notavel foi que nos permitiu ter todas essas ideias sem ter que força-las na banda. Teve um problema com o último disco. Eu amo o “Folie a Deux”, mas eu acho que foi definitivamente uma batalha difícil – nós quatro estavamos tentando fazer quatro discos completamente diferentes. Então, na verdade sair e fazer quatro discos completamente diferentes ajudou a gente a fazer um só juntos.
Vocês acharam que vocês fariam um novo álbum após o “Folie a Deux”? Vocês acharam que voltariam a fazer turnê após as reações que tiveram dos fãs quando estavam fazendo turnê daquele álbum?
Pete Wentz: Eu acho que todos tivemos experiencias diferentes. Eu acho que eu e o Patrick somos polos opositivos na maior parte das coisas da vida. O hiato poderia ser como Morrissey e Johnny Marr… tinha potencial de ser muito maior e longo do que foi. Eu, pessoalmente, nunca tinha pensado na vida sem o Fall Out Boy. Foi estranho para mim. Eu definitivamente fiquei estranho. Eu fiquei triste e usei muito xadrez e deixei crescer a barba. Após trabalhar isto, eu dizia a mim mesmo que eu era feliz por estar no sul da Califórnia, dirigindo até a pré-escola, tomando café. Para mim, voltar foi uma grande coisa. Eu não tinha certeza de que eu queria isso. Isso deveria ser sobre músicas novas. Eu tinha meio que me encontrado sem o Fall Out Boy e fazer tudo de novo iria exigir muito de mim.
Stump: Quando nós demos um tempo, sempre planejamos voltar, sempre foi o plano e nós só iríamos dar um tempo. Mas no meio de tudo aquilo, às vezes… grande parte do tempo acabamos nesse jogo de telefone, entre a imprensa e qualquer coisa, onde é fácil fazer uma entrevista fora do contexto. Da primeira vez que isso acontece não é grande coisa. Da quinta, sexta, décima vez que você escuta que os outros caras da banda não querem mais estar na banda, mesmo que aquelas frases possam ser construídas para te provocar, conseguem te atingir. Então eu me encontrei nesse lugar onde eu pensava, “Eu não sei se a banda vai voltar. Eu achei que iríamos, mas agora não sei mais”.
Vocês já pensaram sobre o porquê de esse disco não ter atingido o que vocês pensaram que atingiria? Ou vocês já pensaram sobre o porquê ocorreu um recuo na base de fãs?
Stump: Até aquele momento, tínhamos tido reações positivas e reações negativas, e as reações negativas eram em sua maioria pessoas fora da nossa base de fãs, ou fora da banda, ainda era essa idéia de nós contra o mundo – “nós” incluindo o público – no qual erámos todos um grupo. Aquela foi a primeira vez que nós encontramos antagonismo no público. Tiveram muitas pessoas que gostaram daquele disco, mas também tiveram muitas pessoas que estavam sendo escandalosas por não terem gostado dele. Foi um ponto de virada importante, por que nós precisavamos experienciar aquilo para sermos um pouco mais destemidos. Eu descrevi isso outro dia como ficar na frente de um gol de hockey sendo acertado com pucks. Isso realmente nos ajudou a desenvolver uma visão mais singular do que queriamos fazer. Uma grande diferença em produzir este disco foi que nenhum de nós teve medo de lidar com o outro, nenhum de nós teve medo de lidar com a música, nenhum de nós estava com medo do que o público poderia dizer, então isso nos permitiu fazer o que queriamos e dizer o que tinhamos a dizer. Me parece um disco mais forte por causa disso.
Wentz: Eu acho que, novamente, eu e o Patrick somos pessoas muito diferentes. Eu não percebia isso na turnê. Quando você faz um disco que vai ser polarizador, quando você sai do que você normalmente faz, claro que vai ter aquela reação. Claro, as pessoas vão amá-lo e odiá-lo. A única coisa que deve ser observada é que é o primeiro álbum que Fall Out Boy lança na era do iTunes. Eles nem tinham trabalhado no que a loja do iTunes iria se tornar. Era diferente. Também teve uma grande mudança na música, quando você começa a ter o YouTube e tem ondas de pessoas deixando os álbuns para trás e começando a consumir músicas. Em qualquer momento que você lança algo em um período como este, você tem que esperar algo. Para mim, isso foi legal, foi uma experiencia diferente. Todos os álbuns foram experiencias diferentes; eu estava sempre em diferentes momentos na minha vida.
O álbum tem o som mais pop que vocês já fizeram.
Wentz: O Fall Out Boy nunca fingiu ser nada mais do que pop rock. Para sair do “Take This To Your Grave” e chegar até aqui, nós precisamos de dez anos de distancia. As pessoas não entendem e levam o “Save Rock And Roll” muito literalmente. Quando eu ouvi o “Dookie” do Green Day pela primeira vez, desbloqueou algo em mim, tipo, tudo bem eu ser um pouco estranho porque esses caras são estranhos. Isso me fez querer pegar um instrumento e fazer aquilo. Se eu não tivesse escutado o “Dookie” ou Screeching Weasel ou Descendents, eu não acho que estaria em uma banda. De qualquer forma, eu espero que esse álbum seja isso. Quando estávamos escrevendo o disco nós não tínhamos muitas expectativas porque estávamos fazendo isso por nós mesmos. Nós não estávamos escrevendo somente com a intenção de tocar nas rádios. Eu acho que deveriam existir mais pessoas que não tem medo de ser reais e autenticas. Essa foi a intenção com ele. O pop nunca foi uma coisa estranha. Isso é algo que é interessante e eu espero que possa ser a droga de entrada para os fãs.
Stump: Existe um certo medo do que é simples. Eu acho que é o que rola quando você é novo como artista e você tem a ideia de que complexidade é igual a qualidade. Quanto mais notas você tocar, melhor. Nós certamente não miramos no pop neste álbum, mas não há segredo de que a música pop é baseada na simplicidade da forma e menos é mais, sabe? Uma das maiores coisas pra mim é que nós tivemos uma grande conversa no inicio da volta tipo, “Quais são as coisas que as pessoas realmente ressoam com? Quais são as coisas que realmente ressoam com? Isso realmente nos conduziu como uma banda”. E uma das coisas foram as letras do Pete e eu acho que, as vezes, quando você tem letras que são instigantes pode ser perigoso levar a música tão longe porque pode distrair delas. Então nós quisemos fazer algo para deixar as letras respirarem um pouco mais.
É um disco muito otimista também.
Wentz: Para mim [no “Folie à Deux], eu não queria toda a atenção que eu estava recebendo que era mais tabloide. Era tipo estar tentando descobrir como sair daquele buraco negro e era muito difícil de descobrir como. Teve uma parte na qual era tipo, se este é um canto de cisne, eu realmente quero envolver a idéia de que isso poderia ser ele. Eu acho que estavamos esgotados. Se qualquer coisa, eu acho que o “Folie à Deux” provavelmente necessitava, tipo, de uma fita vermelha, amarrando todo o caminho através dele. Eu não tenho apenas a certeza de que qualquer um de nós estivesse no lugar para fazer isso.
Stump: Tinha algo muito importante sobre redefinir nós mesmos em termos de onde nós estávamos, nós estamos mais otimistas. Eu acho que quando você tem 17, você é muito bravo, você fica bravo por causa de pequenas coisas. E não tinha nada de errado sobre escrever aquele disco. É um disco muito real de se escrever, é o disco mais real que eu poderia ter escrito aos 17. O problema é que quando você tem 28 não é a mesma coisa; isso pode ser falso. E eu acho que nós pudemos ver tanto e fazer tanto, nós estávamos tão gratos de poder estar na mesma sala fazendo música novamente e tão gratos por estarmos trabalhando com pessoas que realmente queriam trabalhar conosco e tantas pessoas que nos respeitam, eu acho que esse tipo de leitura. Você sabe, eu consigo ouvir isso no disco. Existem pontos nos quais eu estou na cabine sorrindo e você pode ouvir isso e isso foi uma coisa muito legal. Nós nunca fizemos um disco como aquele.
Na música “Save Rock And Roll”, vocês fazem um dueto com Elton John. Qual foi o papel dele nesta música?
Stump: Teve uma coisa ótima que foi que ele entendeu a música e o álbum muito mais do que poderíamos imaginar. Não era só a ideia de que ele gosta da nossa banda, mas também que ele entendeu todas as facetas. Ele gostou da frase “blood brothers in desperation” (irmãos de sangue em desespero) e isso realmente ficou com ele e na próxima linha ele canta “an oath of silence for the voice of a generation” (um juramento de silêncio para a voz de uma geração) e o fato de que ele foi a voz de uma geração dá uma certa credibilidade para isso e eu acho que ele tinha consciência disso, que era algo muito especial para ele cantar. Eu não sei, ele entendeu o disco de uma forma que ele quase nos empurrou para abraçar o negócio de salvar o rock and roll. Ele me disse, “Isso tem que ser o título do álbum” – quero dizer, nós já tínhamos o título – mas ele estava reafirmando tanto que foi como se estivéssemos na direção certa.
Wentz: Eu acho que foi muito importante que o Elton John participou dessa música. Ter o Elton John cantando essa linha, que é como uma espécie de declaração de missão… é como ter dois suportes de livros em que o rock and roll poderia estar. Como é que ele canta, o tom e tudo é diferente. Esta é a canção que realmente explica tudo no fim do dia. Isso é o que vai resumir o “Save Rock And Roll”. É definitivamente sobre sermos re-energizados.
Há também algo diabólico por ter Elton cantando um verso de uma de suas próprias músicas (“Sugar, We’re Going Down”) numa música chamada “Save Rock And Roll”
Stump: Isso foi realmente… nós rimos disso, porque foi engraçado.
fonte:Spin
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