Fall Out Boy diz que seu hiato foi a melhor coisa que aconteceu com eles: "Tivemos finalmente tempo para refletir e crescer"
Por mais que seja difícil de acreditar, dez anos se passaram desde a primeira vez em que o Fall Out Boy desembarcou nas paradas pop com “Sugar, We’re Going Down”. Era um tempo de MySpace, Pretty Ricky e o King Kong de Peter Jackson. Essas coisas estão há muito tempo esquecidas, mas Fall Out Boy tem uma nova música – “Centuries” – subindo no top 20, atualmente encaixada entre hits de Nicki Minaj e Selena Gomez. É um retorno memorável para uma banda que estava morta e enterrada há apenas alguns anos atrás.
Mês passado, passamos um dia com o grupo enquanto eles atravessavam a Flórida – de Jacksonville para St. Petersburg – numa caravana SUV durante uma maratona de turnês em festivais de estações radiofônicas. Escrevemos sobre a experiência na nova publicação da Rolling Stone, mas aqui estão 14 coisas a mais que aprendemos enquanto escrevíamos a reportagem com eles.
1. Eles dividem todo o dinheiro da banda igualmente
“Bem cedo a gente decidiu isso, independente de quem escreveu o quê, nós dividiríamos tudo em quatro partes”, diz Patrick Stump. “Há gravações nas quais eu fiz uma canção inteira sozinho ou Joe [Trohman] escreveu uma música sozinho, mas todos recebemos o mesmo crédito. Se há quatro de nós no palco, quatro de nós receberão a mesma quantidade de crédito, de dinheiro e de tudo”.
Muitos amigos de outras bandas ficaram chocados quando ouviram sobre o arranjo. “Eles ficaram tipo, ‘Vocês estão loucos, caras?’”, diz Stump. “’Você que faz toda a composição!’ E todas essas bandas acabaram, cada uma delas.”
2. A nova música “Uma Thurman” precisou da aprovação da Uma Thurman da vida real.
“Muita coisa mudou desde que o Outkast lançou ‘Rosa Parks’”, diz Pete Wentz. “Nós talvez fôssemos capazes de sair dessa ilesos pela lei de paródia, mas não conhecemos muitos advogados. A gente tem um punhado de amigos malucos e um deles era capaz de chegar exatamente a ela e explicar a vibe.” Isso ainda racha a cabeça de Patrick Stump. “Isso é tão maluco pra mim”, ele diz. “Não posso nem imaginar o que ela respondeu quanto ouviu a proposta”.
3. Não espere que eles banquem a Taylor Swift e arranquem seu catálogo do Spotify
“Fico tão cansado de gente falando ‘Oh, isso está prejudicando a indústria’ ou reclamando de seja lá qual for o novo bicho-papão do ano”, diz Stump. “As pessoas sempre pensam que seja lá qual for o novo futuro, vai colocá-las na casa dos pobres. Sempre ouço esses argumentos e essa raiva e essa amargura, e eu fico tipo ‘Isso é tudo conversa fiada! Você só está fingindo que não gravava as músicas do rádio quando era criança’. Há sempre diferentes caminhos para arranjar música. Ainda compramos os álbuns. Ainda vamos para os shows. As pessoas ainda se importam. Não acho que o streaming prejudicou alguma coisa, e eu mesmo descobri muitas bandas ótimas desse jeito.”
Pete Wentz concorda plenamente. “Se você nega que essas coisas existem e finge que vive numa bolha, então você é o cara que está do outro lado do Império Romano e ainda não ouviu que já está tudo acabado”, ele diz. “É simplesmente antiquado. Se você tira a música do stream, as crianças as procuram no Youtube. É como um monte de gente consome música. Deveríamos ser parte disso, embora os maiores artistas precisem falar livremente para fazer o meio justo para os menores artistas. Quanto mais você se prende ao passado, mais além o futuro se move a sua frente quando você precisa pular em direção a ele. Você vai de jangada em jangada ao invés de construir uma ponte, ou mesmo um maldito avião.”
4. Eles não ligam para o fato de ainda serem chamados de banda emo.
“Eu sempre achei que esse negócio de gênero é uma grande merda”, diz Trohman. “É melhor não se preocupar com a forma como as pessoas nos descrevem. Eles podem nos ver ainda como emo e pop-punk, o que é bem incrível. Se esses termos não perderam seu significado quando Under The Cork Tree saiu, eles perderam o significado oficialmente agora. Mas onde quer que as pessoas queiram nos encaixar está tudo bem, só não acho que soamos como Promise Ring ou outras bandas emo.”
5. O baterista Andy Hurley sente que o hiato de três anos do grupo foi a melhor coisa que eles poderiam ter feito
“Patrick e Joe eram tão novos quando começamos a banda”, ele diz. “Por mais devagar que estivesse, com toda a movimentação e os clubes de merda onde tocamos, ainda não havíamos tido tempo de parar e refletir. Quando tivemos o hiato, isso finalmente nos deu tempo para refletir e crescer. Aprendemos a nos comunicar uns com os outros de formas diferentes.”
6. Todos eles– menos o Andy – têm filhos.
“Isso fez coisas tão maravilhosas pela banda”, diz Trohman. “Eu penso de novo e de novo o quanto ter o Bronx mudou Pete. Realmente o transformou de uma pessoa que só olhava para si o tempo todo para alguém que olha para fora o tempo todo. De mim, eu aprendi como controlar meus níveis de estresse e paciência. É isso que se espera que uma criança faça. Agora sei que não posso apressar um bebê de sete meses de idade.”
7. Eles vêem o novo álbum American Beauty/American Psycho como um trabalho mais ousado que Save Rock and Roll, de 2013
“Musicalmente, ele tem traços de hip-hop com guitarra”, diz Trohman. “Tem mais guitarras na sua cara que em Save Rock and Roll, o que é engraçado considerando o nome do álbum. Tem também uns momentos bem estranhos. Essa música chamada ‘Twin Skeleton (Hotel in NYC)’ tem uma ponte psicodélica e é bem legal.”
8. Eles não têm intenção nenhuma de tocar álbuns antigos inteiros
“Eu não entendo como uma banda fica por aí dizendo ‘Você sabe o que significaria muito para mim?’”, diz Stump. “’Tocar um álbum inteiro que lançamos há 10 anos, do início ao fim. É a coisa mais honesta que podemos fazer, e não é motivado pelo dinheiro’. Pedem isso pra gente o tempo todo, e eu fico sempre tipo ‘Por quê? Por que eu poderia querer isso?’ O único jeito de isso ser legal seria se não anunciássemos, como se o U2 aparecesse no Metro [em Chicago] e tocasse Boy direto, alguma coisa assim.”
9. Uma hora dos melhores hits também está fora de questão
“Vou me adiantar e dizer que nunca entraremos em turnê se não estivermos escrevendo música nova”, diz Stump. “Não há dinheiro no mundo. Algumas bandas lançam ótimas gravações mais tarde em sua carreira. Eu amo Who’s Endless Wire. Então você os vê em tour e eles estão concentrados num álbum. É legal ser a banda mais antiga tocando um álbum novo, e então você toca os hits e há vida nova neles. Nada é mais triste que uma banda antiga que não liga e segue em frente tocando apenas as músicas que fizeram sucesso.”
Wentz concorda. “É como assistir Mickey Rourke em The Wrestler”, ele diz. “Essa personagem existe na vida real. É alguém que passou da sua essência e se recusa a acreditar nisso. Nós nunca seremos essa banda.”
10. Seu novo single “Centuries” foi escrito antes que eles tivessem qualquer outra música para o álbum
“Nós lançamos ela no rádio bem cedo”, diz Stump. “Eu fiquei meio ‘Merda! A gente nem tem um álbum!’. Mas essa pressão fez com que a gente trouxesse mais coisas no impulso do momento. Meu único arrependimento com Save Rock and Roll é essa coisa de altos e baixos que são difíceis de descrever. Eu queria fazer um álbum que fosse amplamente compreendido o tempo todo.”
11. Pete Wentz sente que eles não tem companheiros de verdade no momento
“Somos a última banda de rock que não sente que o pop é um palavrão”, ele diz. “Nós gostamos de rock e de pop, e não temos vergonha disso. Estamos numa ilha, e sinto que ninguém quer se juntar à gente. Poucas bandas têm o nosso status ouro-e-platina-dupla, e as que têm podem fazer o que quiserem. Eles não precisam nem mesmo lançar novas músicas. Todo o resto precisa interagir com a cultura pop, o que significa ser capaz de reagir rapidamente às mudanças. DJs e rappers podem fazer isso desde que não tenham que arrastar uma banda inteira junto e todo o resto. Nós queríamos fazer um álbum que demonstrasse que você pode acender o pavio do jeito certo e sair porta afora antes que a dinamite se exploda.”
12. O destino do elenco do 21 Jump Street original ainda pesa na mente de Pete Wentz
“Nós queriamos ser Johnny Depp”, ele diz. “Não Richard Grieco”, Patrick Stump pula para a tradução. “Todos os nossos grandes singles em nossa primeira era de rádio eram tão estranhos e nenhum deles era propriamente uma continuação do primeiro”, ele diz. “É assim que queremos continuar. A melhor forma de honrar o passado é não repeti-lo.”
13. O fim do Fall Out Boy foi até mais bagunçado do que a maioria das pessoas pensa
“Minha vida caiu aos pedaços”, diz Wentz. “Me divorciei e tudo estava apenas colapsando. A última coisa na qual eu me segurava era a banda, e eu queria continuar com isso. Não me dei conta de que precisávamos de um período de encasulamento, e passei meus vinte anos literalmente como a pessoa mais egoísta que poderia ser. Não tive a capacidade de entender o tempo de outras pessoas ou sentir empatia pelo que elas pensavam das coisas. Não compreendi que três outras pessoas estavam fazendo uma escolha ao estar comigo. Elas não estavam lá porque tinham que estar.”
14. Eles não estão querendo desistir do álbum como uma forma de arte
“É realmente falta de visão das pessoas dizerem, ‘o álbum está morto’”, diz Stump. “É como olhar para uma tela em branco e não enxergar uma pintura ali, não saber o que colocar lá. É, vivemos num mundo regido por singles, mas álbuns ainda importam pra mim. Coloquei uma tonelada de pensamentos nesse novo álbum, pra ter certeza de que seria uma experiência na qual a ordem de marcha importa e as chaves e o tempo e todo o resto. Tudo isso tem importância porque álbuns ainda importam pra mim.”
Fonte:Rolling Stone
Nenhum comentário:
Postar um comentário