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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Fall Out Boy deixa passado de lado e foca no futuro


O Fall Out Boy sempre teve um certo traço destemido, mas que não necessariamente se manifesta em seus álbuns. Nos velhos tempos, a banda tocou todos e cada show como se fosse o último, debatendo e girando sobre o palco, talvez mais preocupados com o espetáculo do que com as canções ou quaisquer ferimentos de guerra sofridos no processo caótico. Conforme amadureceram, eles começaram a superar a cartilha pop-punk, culminando em Folie à Deux, seu álbum pré-hiato, de 2008, que foi ousado, inventivo e diferente de tudo o que veio antes dele. Agora, reunidos com uma base sólida no lugar, a banda está pronta para deixar as coisas um pouco estranhas novamente.
Estruturalmente, “American Beauty/American Psycho” segue o modelo geral de seu predecessor, ou seja, elevando hinos amparados por batidas eletrônicas, calibrados perfeitamente para arenas esportivas em todo o mundo (veja o primeiro single, “Centuries“, adotado pela ESPN como a música-tema não oficial da temporada do College Football Bowl). Mas o aspecto mais interessante de “American Beauty/American Psycho” é a recente ênfase da banda em samples. Considere: A faixa-título extrai “Too Fast For Love” do Mötley Crüe, enquanto o destaque o álbum, “Fourth Of July” deve a sua espinha dorsal à “Lost It To Trying” de Son Lux, e “Centuries” com a cativante melodia de “Tom’s Diner” de Suzanne Vega (aqui cantada pela discípula de Pete Wentz, LOLO).
É um truque que foi raramente utilizado no passado da banda (exceto por uma canção como “Hum Hallelujah“), e um jeito muito hip-hop de construir canções. Mas é parte do percurso para o recém reinventado Fall Out Boy, onde estamos a esperar o inesperado. E então há “Uma Thurman“, um número como um pisão de piano de Elton John encontrando o surf rock, que adota, de todas as coisas, o tema do programa de TV “The Munsters”. Pode não haver uma única banda de rock viva que tentaria um movimento tão audacioso, mas é isso o que torna o Fall Out Boy excelente: um desejo de abraçar o ridículo e de alguma forma milagrosamente retirá-lo. (É claro que essa ambição também pode trabalhar contra eles, como é o caso da faixa-título, uma confusão estofada de ondas de sintetizadores e percussão, que é o corte mais fraco daqui). Ainda assim, você tem a sensação de que eles estão, em última análise, desinteressados em jogar pelo livro de regras do pop e estão mais do que entediados com a situação cada vez mais convencional do universo do rock moderno.
Claro, é um pouco mais fácil de flutuar entre gêneros quando você tem um vocalista tão versátil como Patrick Stump e um letrista talentoso como Wentz. A parceria foi anunciada por muito tempo, mas os dois trabalham talvez melhor do que nunca hoje em dia por causa de suas diferenças. Você nunca sonharia com o normalmente equilibrado Stump escrevendo versos como “You’ll remember me for centuries” [“Você lembrará de mim por séculos”], mas em “American Beauty/American Psycho“, ele corajosamente usa as letras megalomaníacas, grandiosas de Wentz como um escudo. (E sejamos realistas: Há poucos letristas além Wentz que poderiam mencionar Colônia Calvin Klein, Rancid, Danzig, Uma Thurman e Judy Jetson no mesmo álbum e se safar). Quando o cantor raivosamente late “I am your worst nightmare” [“Eu sou o seu pior pesadelo”] em “Novocaine” ou “I could just die laughing on your spiral of shame” [“Eu poderia simplesmente morrer de rir de sua espiral de vergonha”] na sinistra faixa final “Twin Skeletons (Hotel In NYC)“, você se pergunta onde este Stump esteve por anos, um incêndio inédito queimando profundamente em suas entranhas, que é tão cativante.

No início deste mês, o Fall Out Boy eliminou a possibilidade de embarcar em uma turnê de aniversário de 10 anos, uma tradição que se tornou a última moda recentemente. Em vez disso, eles preferem se concentrar no aqui e agora. Enquanto alguns prisioneiros de “From Under The Cork Tree” possam ficar decepcionados, o fato é que ao contrário de muitas bandas de hoje, o Fall Out Boy está atualmente produzindo algumas das músicas mais interessantes de sua carreira. Não há nenhuma necessidade de se atirar em “Dance, Dance: Part Deux”, quando uma canção como “Jet Pack Blues” é infinitamente mais poderosa e interessante. Se é uma recauchutagem que você quer, “American Beauty/American Psycho” não é para você. Porque é o som de uma banda corajosamente se desafiando e desafiando seus fãs a deixar o passado ser apenas isso, ao abraçar a estranheza e incerteza do novo e do próximo.

Fonte:Alternative Press

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