O anúncio do Fall Out Boy sobre a nova turnê desse verão em parceria com o extraordinário e drogado rapper Wiz Khalifa ao lado do favorito da turma na faculdade, Hoodie Allen, quase provocou um afogamento na correnteza de repercussão entre os fãs. O turbilhão-de-tudo-quanto-é-tipo ficou ropiando em uma expectativa-de-mentes-fechadas resumida em comentários etiquetando a banda com o selo obrigatório de “vendidos” e desaprovação oscilante sobre a decididamente nem pop nem rock companhia de tour do Fall Out Boy.
Então aqui vai uma tábua de salvação: o lineup do Boys of Zummer faz sentido, não de um ponto de vista ortográfico (não consertar esse “Z” faz com que eu seja rebelde perante meu editor de texto interno), mas apenas pra vender mais ingressos. Meu único problema real com a tour é a parceria – eu gostaria que os garotos do Fall Out Boy tivessem mirado mais alto, para algum rapper mais tecnicamente habilidoso e refinado que Wiz Pirado Khalifa – mas a programação bagunçada, especialmente com dois artistas que tem músicas absolutamente inescapáveis, vai manter as bundas (e, presumivelmente, bem escondidas e sorrateiras) nos assentos.
Enquanto os mais fiéis odiadores do novo Fall Out Boy não podem culpar o Fall Out Boy por ter agendado uma tour de grandes arenas ao lado do pilar do Top 40 (estou quase fazendo isso soar como uma Monumentour Parte Dois, hein?), as críticas que li com mais freqüência são de que uma turnê ao lado de Khalifa – em oposição aos, digamos, Paramore ou Panic! At the Disco, de novo – é o equivalente a uma traição às raízes da banda.
“Esses não são os mesmos caras que faziam shows em porões e outros lugares improvisados de Chicago”, diz o protótipo do fã odiador do novo FOB, “eles mal tocam alguma coisa do Take This to Your Grave nas apresentações, hoje em dia”.
E para isso eu afirmo… Você está absolutamente correto. O Fall Out Boy que lançou American Beauty/American Psycho hoje está muito longe daquele que escreveu Take This to Your Grave. E isso é definitivamente uma coisa boa. Desviando pela tangente rápida, eu ainda não tenho certeza se compreendo esses fãs que juntam as mãos e rezam para o Patron Saint of Liars and Fakes (Santo Patrono dos Mentirosos e Falsificados) trazer uma segunda-vinda de um álbum na mesma pegada de Take This to Your Grave.Jason Tate acertou em cheio quando mencionou o quão nocivo poderia ser para o FOB continuar lançando álbuns com os mesmos temas nas letras do LP de estréia da banda.
Esse é o problema na nostalgia – ela evoca uma certa época na vida de alguém. Eu amo Take This to Your Grave tanto quanto qualquer fã que se dê ao respeito de Fall Out Boy, principalmente devido as memórias que ele dispara do ensino médio, quando meu bom amigo Alex me deu um curso intensivo de introdução ao Fall Out Boy com um CD que esgotei bem rápido. Diferentemente do refrão de Patrick Stump em “Dead on Arrival”, as canções com as quais eu cresci definitivamente me capturaram de primeira, e músicas gritadas como “Tell That Mick He Just Made My Listo f Things to Do Today” e o fechamento tradicional da banda “Saturday” durante o Skate and Surf encharcado de chuva em 2013 foi uma espécie de momento épico para mim.
Mas, em 2015, se eu colocasse meus fones de ouvido, começasse American Beauty/American Psycho e ouvisse letras como “I hope you choke/On those words, that kiss, that bottle [Espero que você sufoque/Nessas palavras, nesse beijo, nessa garrafa]” ou “I want to hate you half as much as I hate myself [quero te odiar pelo menos metade do que me odeio]”, eu ficaria preocupado com o crescimento emocional deficiente da banda. Pop punk é um gênero no qual a síndrome de Peter Pan é debilitante, e bandas que não amadurecem tanto nas letras quanto no som podem ser pegas no costume de escrever o mesmo maldito álbum de novo e de novo.
“Mas entrar em turnê com um rapper”, questiona o protótipo de fã odiador do novo Fall Out Boy, freneticamente agarrado a um argumento que está escorregando pela ponta de seus dedos, “é tão distante da essência do Fall Out Boy! Sem mencionar o novo som. É completamente diferente do FOB antigo. O que aconteceu com a ideia de salvar o rock and roll?”
Fãs que se sentiram confusos ou foram pegos com a guarda baixa pela incursão à experimentação eletrônica e composição inspirada em hip-hop não devem ter ouvido com atenção nenhum álbum do FOB depois de Cork Tree. Babyface produziu e tocou instrumentos em dois dos maiores singles de Infinity on High, inclusive na onipresente e desafiadora de vogais “Thnks Fr th Mmrs” – e esse é o mesmo álbum no qual os primeiros vocais ouvidos na música de abertura “Thriller” não são de Stump, mas de Jay Z. Folie a Deux tem na produção Pharrell Williams e a participação especial de um Lil Wayne quando ainda estava se tornando manchete. É fácil traçar o amor da banda pela composição hip-hop e pop nas raízes de Fall Out Boy, e eu poderia dizer que fãs que se surpreenderam com as reviravoltas acrobáticas no som da banda após o hiato preferiram apagar essas influências simplesmente as ignorando.
As marcas do Fall Out Boy – os mesmos cartões de visita que os deixaram visados desde os dias de TTTYG – ainda são facilmente encontrados em American Beauty/American Psycho. Refrões grandes, versos cheios de palavras, ganchos impactantes e a inclinação de Pete Wentz para letras às vezes teatrais, tudo isso só acrescenta à natureza matadora ao livro de canções AB/AP. Talvez o velho FOB não tivesse usado “Tom’s Diner” como amostra musical no passado, mas eles com toda certeza teriam escrito um gancho como o refrão de “Centuries”. E talvez um Fall Out Boy antes de Save Rock and Roll tivesse se esquivado dos momentos daft-punk nos vocais de “Favorite Record”, mas eles definitivamente poderiam ter escrito uma música cativante como “Favorite Record”. E “Twin Skeletons” ou “The Kids Aren’t All Right” são tão diferentes das baladas passadas do FOB? Nha.
Não estou dizendo que AB/AP é um álbum perfeito. Eu pus fogo em “Centuries” depois de ter ouvido essa música cinqüenta malditas vezes no ESPN, e ainda não sei se entendi “Immortals”. Mas em 2015 essa é a nova gravação de Fall Out Boy que eu mal sabia que queria: progressiva e ousada e corajosa, se recusando a recauchutar o terreno antigo e sendo pioneira num novo tipo híbrido de pop-rock. Mesmo entre uns salpicos de nostalgia (nada tão evidente quanto a influência de Take This to Your Grave em “Save Rock and Roll”, mas a ligeira referência ao tema de The Munsters em “Uma Thurman” e influências ao punk old-school em “Favorite Records” acerta pontos ótimos), esse é o FOB perto do seu melhor, desafiando as noções do que significa ser uma banda de rock mainstream numa era em que o rock mainstream é uma construção de gênero negligente e rápida.
Se você está passando por tempos difíceis reconciliando o Fall Out Boy com o qual você cresceu com o Fall Out Boy que você está ouvindo nas rádios agora, tire os óculos cor de rosa (eles definitivamente não são seguros para usar dirigindo, de qualquer forma) e você verá a banda com suas verdadeiras cores: em vibrantes e deslumbrantes novos tons da mesma forma que crescemos amando.
Fonte:Property of Zack
Um comentário:
Realmente foi uma escolha estranha essa companhia de turnê dos caras...
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