Fall Out Boy está sentado num carro de golfe da NBC, sendo levados do camarim dos estúdios do canal de tv em Los Angeles até o set do programa The Voice, onde eles tocaram na final do programa. É um momento triunfante, mas que não é visto sem um pouco de ansiedade.
“É estranho para nós estarmos aqui,” diz o baixista Pete Wentz, de 35 anos, antes da gravação começar. “Não exatamente aqui no The Voice, mas na cultura pop no geral. Nós não somos certinhos. Somos um pouco fora do padrão, e nos sentimos assim em qualquer lugar que já estivemos, desde o TRL até agora.”
Havia uma época em que adolescentes queriam que seus ídolos tocassem guitarras, e os integrantes do Fall Out Boy eram os populares dessa cena, quatro emo punks dos surbúbios de Chicago que acertaram em cheio os corações danificados e colheram os resultados com refrões épicos. O queridinho Wentz escrevia as letras e fornecia o carisma, o vocalista Patrick Stump, agora com 30 anos, influenciava a banda com seus arranjos intensos. Arrematando o quarteto: o guitarrista Joe Trohman, com 30 anos e o baterista Andy Hurley, com 34 anos.
Muitas coisas mudaram desde que o casamento de Wentz em 2008 com a cantora Ashlee Simpson fez a banda se tornar um alvo direto para os tablóides (os dois se divorciaram em 2011). Mas, o novo single “Centuries” parecerá familiarmente confortável quando o finalista do The Voice Matt McAndrews cantou o refrão monstruoso na tv. A mistura de alta energia entre um rock de arenas e batidas do estilo trap emanam de “American Beauty/American Psycho” (Island/DCD2), o sexto álbum de estúdio do quarteto, que será lançado em 20 de janeiro, e o segundo desde o renascimento da banda. “Uma Thurman”, potencial próximo single, imediatamente pulou para a posição número 1 dos trending 140 do twitter da Billboard quando foi lançada no dia 12 de janeiro.
“Por muito tempo, eu fiquei esperando a banda sair dos trilhos para eu poder ir fazer seja lá o que eu deveria fazer de verdade com a minha vida,” diz Stump. “Eu presumi que iria voltar para a faculdade, talvez virar professor e fazer música como um hobby.”
Wentz e Stump sempre tiveram trabalhos paralelos, Wentz já foi empresário de moda, com a sua companhia de streetwear agora fechada Clandestine Industries, como o Sony para a Cher Bebe Rexha na dupla de eletro pop Black Cards e como dono de bar, no Angels & Kings. Enquanto isso, Stump lançou um álbum solo bem recebido pela crítica e também pode ser visto como jurado no programa de competição a capella da NBC, The Sing Off.
Na verdade, no começo de 2010, os integrantes do Fall Out Boy passaram alguns anos separados, correndo atrás de projetos solos e ficando saudáveis (Stump perdeu quase 30 quilos, Wentz voltou a fazer terapia após abusar de medicamentos ansiolíticos após se divorciar da cantora Ashlee Simpson). Eles emergiram do hiato em 2013 com um novo álbum e um som maduro. Esse álbum era o “Save Rock And Roll” e, no mínimo os salvou. O single de retorno “My Songs Know What You Did In The Dark (Light ‘Em Up)” ganhou single de platina três vezes e a banda fez turnê em arenas por 18 meses. Além disso, eles começaram a escrever o álbum mais recente enquanto estavam na estrada.
“Parece que nada é absolutamente verdadeiro no ambiente musical atual,” diz Wentz quando perguntado sobre o novo ritmo alucinante da banda. “Se você não está contribuindo para a conversa, as pessoas podem te esquecer bem rapidamente.”
“O Fall Out Boy tem se mantido muito mais firme do que qualquer um poderia pensar,” diz Lisa Worden, diretora musical da influente estação de rádio alternativa KROQ, em Los Angeles. “Eles mantiveram a mesma base e ao mesmo tempo conquistaram novos fãs. Eles são espertos, e eles vêm evoluindo.”
A visão do álbum mais recente começou com o sentimento de que “o rock precisa de um Yeezus,” disse Stump, se referindo ao álbum sonoramente chocante de 2013 de Kanye West. Ele também citou a recente obsessão do pop por vocais emotivos e ásperos (“Eu adoro que Hozier está ficando mais popular”), enquanto Wentz aponta música dance francesa como influência.
“Como você consegue passar pelo ruído?” pergunta Wentz. “Precisa ser estranho, abrasivo. Precisa apontar uma arma para sua cabeça e dizer, ‘você vai ouvir essa música.’”
Até mesmo o título do álbum exige atenção, combinando o título de um filme de 1999 sobre um pai sexualmente frustrado dos subúrbios (American Beauty) com aquele romance (e filme) obscuramente cômico sobre um serial killer de Wall Street (American Psycho).
“Ambos mostram essa obsessão com uma ideia de perfeição e insinuam que talvez sejamos ruins por trás de tudo isso,” diz Trohman. “Eu também gosto da repetição da palavra ‘American’,” Stump interrompe. “O que significa ser americano? Eu penso muito sobre como aqui é o máximo e como é horrível também.”
Legados tênues e fachadas desmoronando são um tema, muito graças ao movimento Occupy, a Primavera Árabe e a morte de Trayvon Martin. Wentz diz que, especialmente “Novocaine”, fala sobre a dormência que tragédias como a de Martin podem inspirar. Ele também menciona as mortes de Michael Brown e Eric Garner por policiais.
“Eu olho para essa pessoinha aqui,” ele diz, levantando o queixo na direção de Bronx, seu filho do casamento com Simpson, feliz comendo bobagens servidas no bufê. “É um diálogo difícil para se ter quando adolescentes desarmados estão sendo mortos em um país que consideramos ser o forte da liberdade. Como vai ser o mundo para ele?”
Veja o photoshoot que a banda fez para a Billboard
Pete e a namorada Meagan Camper tiveram o primeiro filho, Saint Laszlo, e ele não é o único integrante do FOB a ter razão para se fazer esse tipo de pergunta. Stump e sua esposa Elisa Yao tiveram seu primeiro filho, Declan, em outubro, seguidos por Trohman e sua esposa Marie Wortman Goble, que tiveram uma menina, Ruby, nascida em abril.
Como a paternidade afeta uma banda que já sofreu com cansaço extremo antes? “De uma forma, eu não me importo sobre como eu serei lembrado a partir de agora, porque não é mais sobre mim,” diz Stump. Mesmo assim, ainda parece que eles estão em todos os lugares atualmente. “Ah, eu não desprezo o fato de que temos uma segunda chance. É como se alguém tivesse tirado o cartucho do vídeo game, assoprado, colocado novamente e recomeçado do início. As falhas se foram.”
Fonte:Billboard
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