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quinta-feira, 12 de março de 2020

Coronavírus:Fall Out Boy,Green Day e Weezer já cancelaram datas da turnê na Ásia



Coronavírus: nos Estados Unidos, a indústria de shows se prepara para o pior
Com os festivais South by Southwest cancelado e Coachella adiado, o negócio de música ao vivo enfrenta crise que pode levar a uma perda de bilhões de dólares


 Depois que o festival Coachella foi adiado e o South by Southwest cancelado, a indústria de shows — que é uma fonte muito importante de renda para artistas na era do streaming — está avaliando as consequências ainda mais danosas que o coronavírus pode causar ao negócio, no que enovolve desde turnês de superstars canceladas aos ganhos perdidos pelas equipes de palco, pelos vendedores de produtos associados aos artistas e por várias outras pessoas que dependem de música ao vivo.


À medida que o vírus se espalha, os promotores de concertos e os empresários de artistas estão contemplando um ano difícil que pode estar cheio de adiamentos e cancelamentos — e com isso, o potencial prejuízo de milhões ou bilhões de dólares.

— Ele já começou a afetar as turnês", disse Allen Kovac, empresário do grupo Mötley Crüe, que deve começar uma turnê por estádios em junho. — Você tem pessoas atrasando o começo das vendas de ingressos e tem artistas que vão adiar turnês. É caótico e estressante, para empresários e artistas e para suas famílias e suas equipes de apoio.

O alcance da indústria de shows é global, com muitas turnês se estendendo Ásia e América Latina afora. No ano passado, por exemplo, o U2 fez seu primeiro show na Índia.

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E a indústria de shows veio crescendo com regularidade nas últimas duas décadas, ao ponto de se tornar uma fonte primária de renda para muitos artistas — algo que se tornou bem mais evidente na era do streaming, quando um uma música pode estourar quase instantaneamente em todo o mundo, mas sua renda ainda pode ser minúscula.

De acordo com um relatório do ano passado pela PricewaterhouseCoopers, o mercado global de venda de ingressos e de patrocínio à música ao vivo deveria movimentar quase US$ 29 bilhões em 2020. De acordo com as práticas da indústria, a maioria das receitas de vendas de ingressos vai para os artistas. Em comparação, o mercado global de música gravada foi recentemente estimado em cerca de US$ 22 bilhões em vendas, com os royalties dos artistas representando uma proporção muito menor dos lucros.

Por enquanto, pelo menos, o setor está se mantendo relativamente estável. Billie Eilish abriu sua turnê de primavera (que tem shows marcados para o Brasil no fim de maio) em Miami na segunda-feira, como planejado, e na semana passada os fãs começaram a se mobilizar a fim de comprar ingressos para a próxima turnê de Lady Gaga.

Mas já houve sinais de atraso. Nesta semana, o Pearl Jam (que lança dia 27 o seu novo álbum, "Gigaton") adiou sua próxima turnê, e Neil Young anunciou que estava pensando em adiar seus novos shows.

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Alguns representantes da indústria viram a decisão do Coachella de adiar o festival — em vez de cancelar — como um sinal promissor que despertou um espírito de cooperação mútua em toda o negócio. Alguns festivais estão negociando com os municípios onde acontecem para ajustar as permissões e buscando acordos para permitir que os eventos da primavera e do verão ocorram no final do ano.

— Este é um momento único — diz Michael Rapino, executivo-chefe da Live Nation Entertainment, a maior empresa de concertos e ingressos do mundo. — Todo mundo tem que descobrir como o show vai continuar, e como acontecerá de forma inteligente e segura.

“Todo mundo tem que descobrir como o show vai continuar, e como acontecerá de forma inteligente e segura”

MICHAEL RAPINO
Executivo-chefe da Live Nation Entertainment


Já a bolsa não tem sido tão otimista. Na quarta-feira, as ações da Live Nation caíram 16,6 por cento, à medida que as más notícias sobre o coronavírus continuavam a proliferar. A Organização Mundial da Saúde declarou Covid-19 uma pandemia, e a chanceler alemã Angela Merkel disse na quarta-feira que o vírus provavelmente infectaria cerca de dois terços da população alemã. E, mais próximo ao negócio da música ao vivo, um funcionário que trabalhou em dois teatros da Broadway deu positivo para o Covid-19.

Para artistas e seus empresários, acordar todos os dias com relatos de um número crescente de infecções por coronavírus alimentou uma incerteza frustrante, disse Jonathan Daniel, da empresa de empresariamento Crush Music. Green Day, Fall Out Boy e Weezer, todos representados pelo Crush, também estão planejando uma turnê por estádios este ano — e já cancelaram datas na Ásia.

— Geralmente, em eventos da vida real, você está em uma posição reativa — conta Daniel. — Se houver um furacão, você adiará shows; isso acontece depois do fato. Essa é uma posição proativa, que é parte do motivo pelo qual há tanta incerteza sobre tudo isso.


Para os artistas e suas equipes, o adiamento do Coachella é mais do que apenas reorganizar as datas. O Coachella, promovido pela Goldenvoice, uma divisão da gigante de shows AEG Presents, ocupa uma posição especial no mercado de turnês como formador de opinião e é acompanhado de perto na indústria por suas reservas, modas e hashtags.

O festival também representa uma oportunidade de marketing vital para os artistas, que costumam contar com o burburinho do Coachella para vender ingressos em outros lugares. Até a transmissão de vídeo ao vivo do festival é uma forma poderosa de promoção da mídia. Sua edição de 2018 atraiu 41 milhões de espectadores em mais de 200 países.

— Lançamos o último álbum de Lorde no Coachella", disse Daniel. — Estabelecemos todo o nosso plano em torno desse festival.

Promotores de shows e muitos artistas geralmente compram apólices que cobrem cancelamentos causados por coisas como mau tempo ou uma doença que afeta a capacidade de um artista se apresentar. As doenças transmissíveis são menos comuns. Mas, em meados de janeiro, quando o coronavírus foi reconhecido como um sério risco para eventos públicos, as seguradoras começaram a excluir o Covid-19 da maioria das novas apólices, disse Peter Tempkins, diretor administrativo de entretenimento da HUB International Limited, uma corretora de seguros global.

— Todo mundo agora conhece o Covid-19 e quer comprar cobertura — disse Tempkins. — Mas você não pode, é tarde demais.

Após o cancelamento do South by Southwest, seus organizadores anunciaram que não tinham cobertura de seguro contra o coronavírus e, nesta semana, o festival demitiu cerca de um terço de seus funcionários em período integral.

A falta de cobertura para o coronavírus pode levar mais artistas e promotores a adiar eventos, em vez de cancelá-los completamente, de acordo com empresários de artistas e executivos do setor. Mas isso pode levar a um acúmulo de turnês em busca de novas datas no outono ou até no próximo ano. E mesmo que novas datas sejam encontradas, isso pode significar arenas e teatros vazios a curto prazo — o que pode se traduzir em perda de receita e salário para locais e trabalhadores.

Cuidados com as multidões
Bob Bailey, diretor de subscrição da ProSight Specialty Insurance, disse que um resultado da pandemia de coronavírus poderia ser ou aumento de cuidados — e das taxas de seguro — para grandes eventos ao ar livre ao vivo, já que nos festivais de música as multidões podem ser mais difíceis de conter e controlar do que dentro de um prédio.

— Para as pessoas que vão aos shows, isso pode ser um alerta — disse Bailey. — Como se você fosse a um evento de esportes automobilísticos e dissesse: "Estou participando deste evento, mas entendo que pode haver um limite para o quanto você pode proteger minha segurança."


Se a receita com os shows diminuir, outra pergunta é: Quem seria mais afetado? Os principais artistas, que têm uma variedade de fontes de renda à sua disposição, podem enfrentar melhor qualquer tempestade. Mas o impacto pode ser sentido amplamente através da complexa cadeia econômica que apoia o negócio de shows, de equipes de som e iluminação a empresas de venda de merchandising e de ingressos, hotéis e outros, disse Jerry Mickelson, da JAM Productions, um promotor independente em Chicago.

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E para os próprios promotores, o tamanho é importante. Em uma recente teleconferência com investidores após divulgar os mais recentes lucros trimestrais do Live Nation, Michael Rapino disse que sua empresa espera apenas um impacto modesto e que seu vasto tamanho permite absorver os efeitos de shows cancelados. "A parte mais bonita do nosso modelo de negócios é que ele está distribuído por mais de 30 mil, cobrindo todos os tipos de locais e gêneros", disse Rapino na teleconferência.

Já Mickelson resumiu o efeito em empresas como a dele.

— A Live Nation e a AEG têm a capacidade financeira de suportar a perda de receita adiando seus shows — disse. — Outros promotores independentes menores podem não ter a mesma sorte.


Fonte:O Globo






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