Nostalgia e energia na medida certa: a I Wanna Be Tour 2025 mostra o porquê veio pra ficar
A edição de 2025 da I Wanna Be Tour passou por Curitiba e São Paulo. Apesar de os ingressos não terem esgotado em ambas as cidades, o segundo dia, 30 de agosto, surpreendeu. No Allianz Parque, no fim da tarde, já era quase impossível atravessar o estádio de um palco para o outro.
Outro destaque foi o público. A galera levou a sério a temática e deixou o emo interior falar alto. Os looks iam do básico, como camisas xadrez e Vans clássicos, até produções elaboradas, como jaquetas personalizadas, correntes, cruzes e cabelos com mechas coloridas ou franjas caídas para o lado. Teve até um fã vestido como um Vans slip-on xadrez, ícone do pop-punk.
Mas, acima de tudo, o que marcou a noite foi o line-up. Foram 12 bandas, entre nacionais e internacionais, trazendo o melhor do pop-punk, hardcore e emocore.
O festival começou cedo, às 11h. A abertura ficou com a brasileira Fake Number, em um de seus primeiros shows em dez anos. Parte da plateia ainda entrava, mas os fãs fiéis fizeram questão de cantar cada verso de hits como Platônico e Primeira Lembrança.
Na sequência, Gloria subiu ao palco It’s Not a Phase. O público respondeu rápido e Mi Vieira comandou um set intenso de screamo, hardcore e metalcore. A banda apresentou a nova faixa Um Segundo, Um Nunca Mais e ainda recebeu Lucas Silveira, da Fresno, para uma participação surpresa.
O clima internacional começou com o Neck Deep, que trouxe o pop-punk clássico. She’s a God, Take Me With You e In Bloom levantaram o estádio em coros, crowd surfing e até mosh exclusivamente feminino. O vocalista agradeceu o carinho e celebrou o retorno ao Brasil.
A nostalgia continuou com o Story of the Year. Mesmo em horário cedo, atraiu uma multidão. Sidewalks emocionou e Until the Day I Die virou êxtase, com o público tão alto que quase abafava o som da banda. Antes de sair, eles provocaram, questionando: se voltarem em 2026, os fãs estarão lá?
Às 14h22, foi a vez do The Maine. Talvez a banda mais querida do dia, conquistou até quem não os conhecia. John O’Callaghan transformou o show em um encontro íntimo, conversando com fãs da grade às arquibancadas. Em um momento, parte da galera desanimou, talvez pelo sol da tarde, mas isso logo cessou quando o vocalista pediu: “Eu sei que tocamos música pop, mas vocês podem se mexer”. Ele ainda desceu para cantar na pista e fez do setlist, com Numb Without You e Loved You a Little, um momento inesquecível.
Depois, o hardcore voltou com Dead Fish. Mesmo às 15h, os veteranos botaram fogo no Allianz com energia e discursos afiados. A Urgência abriu o set, seguida de muito mosh e crowd surfing, marcas registradas da banda.
Em seguida, The Veronicas assumiram o palco com sincronia perfeita. Lisa e Jessica equilibraram coreografias, vocais potentes e emoção. You Ruin Me criou um clima íntimo, enquanto In My Blood transformou o estádio em pista de dança.
Já o For Fun trouxe a mistura única de hardcore com reggae. Mesmo fora da sonoridade dominante do festival, conquistou o público com leveza e energia. História de Verão fechou o set, no fim da tarde fria, mas de atmosfera quente.
À noite, foi a vez da Fresno. A importância da banda para a IWBT fala por si só. Do palco, Lucas Silveira agradeceu sem parar enquanto clássicos como Quando o Pesadelo Acabar, Quebre as Correntes e Eu Nunca Fui Embora eram sentidos na alma e ecoavam em todos os setores.
Às 19h17, começaram as três apresentações finais. A primeira, Yellowcard, trouxe emoção desde Only One, que abriu o show, transformando completamente a atmosfera. Vieram também Lights and Sounds, Honestly I e For You, and Your Denial, em uma performance poderosa.
Logo depois, o Good Charlotte entrou como última atração do palco It’s a Lifestyle. Abriram com The Anthem e mudaram a energia do festival. O estádio inteiro cantava junto, e os irmãos Madden seguiram com Girls & Boys e Riot Girl – na minha opinião, o melhor da IWBT – No fim, Joel Madden anunciou: em 2026, eles voltam ao Brasil.
Às 21h43, chegou o momento mais aguardado da IWBT 2025. Fall Out Boy encerrou o festival com um show digno de headliner. Entre confetes e chamas, abriram com Love From The Other Side e seguiram com Sugar, We’re Going Down. A setlist incluiu ainda Uma Thurman, I Don’t Care, Dance, Dance e hinos clássicos como Thnks fr th Mmrs e Centuries. Mesmo com parte do público cansado pelo dia, foi um final épico, que fechou a noite em clima único.
Em geral, a segunda edição da I Wanna Be Tour cumpriu o que prometeu. Com um line-up diverso, conseguiu agradar diferentes públicos, dentro de uma mesma estética, e entregar a energia certa do início ao fim.
GlowPop br:
Como headliner, o Fall Out Boy amarrrou o arco dramatúrgico do palco com uma produção já testada em circuitos internacionais: abertura cinematográfica, pirotecnia pontual e um roteiro de hits pensado para acionar memórias sem cair em “show de lembranças”. O público foi conduzido por hinos como “Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy”, “Centuries” e “Thnks fr th Mmrs”, além de sucessos recentes como “Uma Thurman” e “My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up)”, sem deixar de fora a intensidade de “Love From the Other Side”.
O single “Sugar, We’re Goin Down”, lançado em 2005 como primeiro single de From Under the Cork Tree, é considerado um marco na consolidação da “terceira onda emo” e um dos principais catalisadores da popularização do gênero no mainstream, impulsionando o Fall Out Boy ao estrelato e ampliando consideravelmente o público do emo pop. A faixa, ao vivo, constitui um momento emblemático dentro de qualquer show do Fall Out Boy, sendo capaz de transformar a performance em uma experiência coletiva de grande intensidade emocional. No Allianz Parque, a música ecoou pelo estádio, reverberando tanto a nostalgia quanto a relevância atual da faixa.
O desfecho trouxe a proximidade de Pete Wentz, que se dirigiu ao público para performar “Saturday”, reacendendo o calor humano e selando a noite em conexão com os fãs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário