Com a sua 'segunda chance' os integrantes do Fall Out Boy conseguiram realizar o que antes parecia ser altamente improvável: não apenas superaram seus colegas do emo de outros tempos, mas também transcenderam até o topo das paradas da Billboard, e usando guitarras de verdade também, um som raro de se ouvir em rádios pop hoje em dia.
Após um hiato de 5 anos, a banda retornou em 2013 com “Save Rock And Roll”, um álbum tipicamente irreverente que estreou em número 1. Agora o single mais recente da banda, “Centuries”, está pairando no top 20 e aparecendo em eventos esportivos na TV e em estádios ao redor dos Estados Unidos.
Mas, não são mais apenas acordes poderosos e corações partidos, apesar de ainda ser isso também. O novo álbum da banda, “American Beauty/American Psycho” também tem produção do DJ francês SebastiAn e pega emprestado riffs de Tom’s Diner de Suzanne Vega, Too Fast For Love do Motley Crue e a canção tema do programa The Munsters. Unindo-se a banda na turnê Boys Of Zummer está o rapper e fumaça de maconha ambulante Wiz Khalifa, que também adicionou versos ao remix da faixa “Uma Thurman”, a nova homenagem da banda ao filme Pulp Fiction.
“Nós temos um senso coletivo de experimentação,,” diz Patrick Stump, o vocalista da banda, dando créditos a suas preferências musicais ao gosto de seu pai por jazz experimental e álbuns da banda Grateful Dead, incluindo um que inspirou o título do novo álbum (a segunda metade vem de um romance do autor Bret Easton Ellis).
“É difícil para a gente saber quantos dos nossos fãs realmente conhecem Dead, ou nossas referências a filmes e livros,” disse Pete Wentz, o baixista da banda, aficionado por cultura pop e principal letrista. Ele e Stump conversaram com Joe Coscarelli por telefone do hotel Trump SoHo em Nova York. Abaixo estão trechos da conversa.
Porque incoporar samples nesse álbum?
Wentz: Estávamos enviando e respondendo e-mails com SebastiAn, usando o google tradutor e a ideia era criar uma canção de rock futurística. Quem pensaria em usar um álbum de punk do Motley Crue?
Stump: Eu penso que isso não é comum no rock, e parece meio preguiçoso fazer as mesmas coisas várias e várias vezes. Principalmente quando tantos outros gêneros musicais descobriram como fazer de uma forma animadora e criativa. Ainda há muitos músicos do rock parados afirmando que, “Cara, isso não é música!” Só nos torna dinossauros se não conseguirmos resolver o rock como gênero musical.
Pete, você recentemente escreveu que “O rock não deve ser exilado a um cantinho bizarro de Clube de Guitarras para os mais velhos descobrirem.” Como você faz os mais jovens se interessarem pelo rock novamente?
Wentz: A única forma de fazer isso é se os mais jovens puderem assistir as bandas que estão tocando em arenas e anfiteatros que também têm músicas atuais sendo tocadas nas rádios. Consigo pensar em 10 bandas que esgotam ingressos em arenas, mas não tenho certeza se os jovens estão comprando as músicas dessas bandas. O futuro do rock vai vir de jovens que escutam Skrillex e Kanye West. Tomara que eles também escutem FOB ou bandas que também tocam instrumentos.
Onde você encontra músicas novas online?
Wentz: Você sabe como quando você curtia punk rock você olhava a lista de agradecimentos de uma banda e era assim que você descobria bandas novas? A versão disso na Internet é tipo, “Quem essa pessoa segue no Sound Cloud?” ou “Com quem esse DJ está conversando online?” Uma das minhas canções preferidas do ano passado foi Tuesday, de iLoveMakonnen, e eu segui a toca do coelho até esse outro remix que ele fez (para a música Down 4 So Long). Ezra (Koenig) da banda Vampire Weekend canta uma parte desse remix que é provavelmente o melhor e mais engraçado verso que eu ouvi recentemente.”
O que você tem a dizer aos fãs de pop punk que estão confusos ou até mesmo chateados que vocês irão sair em turnê com rappers?
Wentz: Essa não é a primeira vez que mergulhamos nesse meio: Jay-Z já participou de um dos nossos álbuns, assinamos um contrato com Tyga e Lil Wayne já participou de um dos nossos álbuns, Kanye já fez remix de uma das nossas canções. Mas, não estamos enfiando isso garganta abaixo de ninguém. Se você não quer assistir algo, você tem o luxo de simplesmente não ir ao show.
Como o Rick Ross acabou fazendo uma participação no clipe de 'Centuries'?
Wentz: Quando o clipe (com o tema de gladiadores) termina, o próximo vilão precisa ser mais assustador que Golias, e estávamos tentando descobrir quem poderia ser essa pessoa. Rick Ross parece ser bem intimidador, então entramos em contato com ele. Ele fez a filmagem em Miami e fez ótimos comentários sobre o vídeo. Ele queria ter certeza de que a sombra dele ia ser suficientemente obesa.
A música também foi bastante tocada durante os playoffs do futebol americano universitário e vocês tocaram no All Star Game da NHL. O Fall Out Boy é o novo 'Jock Jams'?
Stump: É engraçado, eu perdi muito peso algum tempo atrás, mas quando eu era bem gordo e não cuidava nem um pouco de mim mesmo, as pessoas costumavam vir até mim e dizer, “eu faço corridas ouvindo suas músicas, você é minha música de fazer exercícios!”
Wentz: Não existem canções melhores do que as que são tocadas durante o video de melhores momentos de uma partida, como Queen ou, mais recentemente, Power de Kanye West. Há uma reação visceral. É a única forma que eu sinto que me infiltrei na vida dos amigos do meu pai.
Patrick: Estamos fazendo isso há algum tempo, mas quando sua música chega até o meio esportivo, de repente você recebe vários e-mails e ligações surpreendentes: “Parabéns, vocês chegaram lá!”
Fonte:NyTimes
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