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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Fall Out Boy:Os cientistas malucos do pop-rock!


Quando a banda Fall Out Boy atrevidamente nomeou seu álbum anterior como “Save Rock and Roll” em 2013, isso abriu o grupo a críticas sobre seu lugar em relação ao gênero (ou a falta dele). Para a maioria, essas discussões sobre semânticas estilísticas eram chatas e desnecessariamente cínicas; afinal, a faixa-título se referia à banda reacendendo sua paixão pela música, tanto entre eles quanto em geral. Além disso, discussões sobre autenticidade e intenção obscurecem um ponto mais importante na carreira do Fall Out Boy: apesar de o quarteto ter surgido no punk suburbano de Chicago em meio à cena hardcore e ter sido destaque no rádio pop pela maior parte de sua carreira, o Fall Out Boy ainda assim não se encaixa no mainstream – muito fragmentário e áspero para o escalão polido do pop, e muito enamorado pelo hip hop e eletrônico para a visão de mundo monocromática do rock.


Essa mentalidade teimosamente rebelde persiste no frenético sexto álbum de estúdio da banda, “American Beauty/American Psycho”, que constantemente se utiliza de uma abordagem fraturada e de “cientistas loucos” para a música moderna. A vivaz e dançante “Uma Thurman” usa o tema de 'The Munsters' como suporte e termina com uma esteira de praia com vibes de surf gótico. A excelente “Novocaine” – uma música furiosa que dizem ter sido inspirada pelos eventos em Ferguson – é um rosnado de guitarra agressivo com um refrão melódico e crescente, enquanto “Favorite Record” corta seus saudosos rodopios de rock-metálico com uma voz robótica pesadamente processada. E a faixa-título – que foi produzida por Sebastian, um músico francês – soa gloriosamente unida por fita adesiva: a música ostenta cacos metálicos de samples como Too Fast For Love, do Mötley Crüe, com harmonias subindo à La “Twist & Shout”, com uma ponte cântico de caras durões e o vocalista Patrick Stump levando a música como um mestre de cerimônias do soul-funk.
Esses momentos ressaltam o quanto Fall Out Boy tem em comum com os Beastie Boys, outro grupo que cresceu para conectar e transceder gêneros ao procurar novas formas de costurar música, samples e sons, unindo-os. (A inclinação do baixista Pete Wentz por referências inteligentes à cultura pop – destacada por “I’ve got those jetpack blues/just like Judy [eu peguei esse blues de mochila à jato/assim como a Judy]” e “The stench of Summer sex/And CK eternity, oh hell Yes [o cheiro fétido do sexo de verão/e a eternidade de CK, aí sim]” – ambos sustentam a comparação com Beasties.) De qualquer forma, a vibe lúdica de “American Beauty/American Psycho” mascara letras atormentadas por lampejos de memórias de relacionamentos falidos e flertes românticos condenados. Felizmente, não há sinal de autocomiseração nessas músicas, apenas intensificando-se a consciência de si mesmo (“I’m sorry every song’s about you/The torture of small talk/With someone you used to love” (Eu sinto muito se todas as músicas são sobre você/A tortura da conversa fiada/Com alguém que você costumava amar), promessas de romance trabalhado em equipe (“I’m still comparing your past to my future/It might be your wound but/They’re my sutures” (Ainda estou comparando seu passado com meu futuro/Isso deve ser uma ferida para você mas/Essas são minhas suturas) e gestos de desculpa (I just got too lonely/In between being young and being right” (Eu apenas fiquei muito só/Entre ser jovem e estar certo).

Ainda assim “American Beauty/American Psycho” não é uma viagem nostálgica. A gravação também contém as músicas mais atemporais da carreira da banda – na forma de acordes de guitarra adequados para arenas misturados com sons digitais “Immortals”, electropop etéreo com refrões à prova de bala (a meio-tempo, torturada “The Kids Aren’t Alright”) e pop influenciado por hip-hop (“Irresistible”). Essas três músicas não são apenas distantes dos dias anteriores de punk da banda, elas são também uma progressão acentuada do pop moderno encontrado em “Save Rock and Roll”. Assim, elas são também um indicativo completo do que o quarteto sempre foi: uma banda que nunca chafurdou em seu passado ou quis repetir a si mesma. “American Beauty/American Psycho” é a contínua busca do Fall Out Boy por criar sua própria realidade musical – convidando a todos para pegá-los, se puderem.


Fonte:AV Club

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