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sexta-feira, 30 de março de 2018

O simbolismo oculto, místico e esotérico do novo álbum do Fall Out Boy


Lançado em janeiro, MANIA está dividindo opiniões e interpretações entre fãs. Sob uma perspectiva espiritual, tudo – exatamente tudo – ganha sentido.

O Fall Out Boy é uma das poucas bandas que ainda integram um seleto grupo de artistas do viés pop-punk que conseguem se sustentar além do tempo, mantendo-se relevantes na indústria mesmo após mais de uma década de carreira.


Em abril de 2017, foi lançado o primeiro single do álbum, YOUNG AND MENACE, faixa que pegou muita gente de surpresa, golpeando em cheio quem esperava um material mais retrô. Estava evidente que as vibrações desse novo trabalho causariam reações adversas. O próprio baixista da banda, Pete Wentz, deu a entender que o álbum significava um recomeço, depois de uma árdua “purificação".

[...] “de vez em quando, você deve fazer um reinício difícil que limpa o cache e apaga o disco rígido. Eu acho que foi isso que [#mania] era - uma grande paleta limpa". - Rolling Stone.

Todo o universo que envolve MANIA está longe de soar tão superficial. Lhamas, a cor violeta predominante, elementos como o sol, a água como força transformadora, a retratação da morte como celebração e renascimento, ode a santuários e sacrifícios, redenção e misericórdia, trazem uma atmosfera tão mística e autêntica ao álbum que o suposto objetivo de “se tornar comercial” fica completamente ofuscado quando se compreende os simbolismos adotados nesta “nova era”.

AVISO: Este artigo é uma teoria baseada nos conhecimentos específicos e crenças pessoais da autora, se por ventura você se sentir incomodado com o tema ou simplesmente não concordar: não leia. Este texto não é pra você.

1. O protagonista por trás de MANIA
Um dos recursos para divulgação do novo trabalho do Fall Out Boy foi a alusão declarada ao personagem Wilson, do filme Náufrago.


Aquela bola de vôlei marcada pela mão ensanguentada do Tom Hanks. “Wilson” também inspirou o título da 4ª faixa do álbum, que descreve alguém de muitos excessos, erros grosseiros e que ainda possui uma opinião obstinada acerca de si mesmo e de suas condutas inconsequentes.

A verdade é que Wilson é uma alusão a um personagem que não existe e se torna espelho do seu próprio criador – uma espécie de alterego – e ganha vida graças à loucura de alguém desesperado e solitário.

“O mundo pode ser um grande lugar solitário, principalmente para as crianças que estão tentando descobrir a si mesmas. São elas quem eu quero alcançar. Eu não acho que essas crianças devam se sentir como se tivessem que se adaptar ao mundo – eu prefiro dar a esperança que elas podem adaptar o mundo para poder se encaixar.” - Pete Wentz.

Paralelamente, há uma relação com a moral do filme: Tom Hanks é um homem médio da sociedade moderna, ambicioso e sem nenhuma consciência moral do mundo que habita, sua valorização extrema a seu trabalho, tempo e prazos é notória.

Após ficar completamente isolado junto à natureza, sua visão de vida e a forma de reagir a esses estímulos mudam drasticamente. O filme não fala apenas de um cara que “naufraga” numa ilha e consegue retornar, mas sobre a jornada de alguém que se auto descobre após a força da natureza o golpear em cheio (tanto literal quando emocionalmente falando).

Muito provavelmente, Wilson seja um alterego criado por Pete Wentz, para refletir através do álbum, a imagem de si e principalmente, descrever sua jornada desde os tempos da infância, passando pelo ápice da fama, até ser levado pela vontade de renascer, adquirindo a partir desse renascimento uma consciência mais espiritualizada de sua vida e do universo como um todo.

2. A chama violeta como 7º Raio
Fazendo uma rápida análise, o Fall Out Boy sempre seguiu um padrão para suas capas de álbum. Vermelho, azul e suas variantes sempre estiveram em primeiro plano. Com o 7º álbum, um tom flamejante de violeta foi adotado para a arte gráfica, como também para a estética de divulgação, site e redes socais, paleta dos videoclipes, merchandising, cenário dos palcos: exatamente tudo ganhou a coloração violeta.

Violeta é vista como uma das cores mais espiritualizadas que existem em nosso universo.

Segundo explicação de sites relacionados ao tema, existem diversas chamas cósmicas responsáveis pelo equilíbrio do nosso sistema universal. A chama violeta é o 7º raio, que promove a união do espírito com a matéria. É a atividade da transmutação, que purifica toda energia mal qualificada, servindo como um solvente de alta potência que limpa e transforma as situações desarmoniosas para libertar o homem de seu carma. Esta chama é regida pelo Mestre Ascensionado Saint Germain. Ser cósmico que tem o dom de profecias.

3. 7º álbum e o simbolismo poderoso do número 7
O número sete também é visto como um número de grande espiritualidade. Representa os sete dias da semana, as sete cores do arco-íris, as sete notas musicais, entre outros.

O 7 é o número da perfeição, integra os dois mundos (espiritual e material) e é considerado símbolo da totalidade do Universo em transformação. Este número está associado a espiritualidade, a pesquisa, a introspecção e principalmente ao ocultismo.

Por essas descrições, é como se o Fall Out Boy tivesse aproveitado a ordem de seus #Lançamentos e feito do seu 7º trabalho a oportunidade de dedicá-lo a um conceito espiritualizado e oculto, materializando seu álbum como o próprio 7º Raio Violeta, invocando os poderes da mesma.

O símbolo do número 7 é uma estrela, as profissões relacionadas a ele são: cientista, professor, escritor ou atividades ligadas ao ocultismo, sua cor é púrpura ou violeta, o metal é prata e finalmente, seu elemento é a água, item que tem ligação com o próximo tópico e faz a teoria ganhar ainda mais força.

4. Reverência aos elementos da natureza e água como força transformadora

O primeiro passo para ser uma pessoa mais espiritualizada é reconhecer seu lugar no plano material e ter a consciência que a natureza influencia nossas vidas em todos os setores, a partir de todos os elementos que habitam nela. Nós vivemos e existimos graças à ela, e dela nos alimentamos energeticamente, sendo um ciclo sem fim, da vida à morte.

A foto centralizada de uma suntuosa onda na capa do álbum pode nos revelar um contexto ainda mais profundo: a água também é um elemento de limpeza e purificação, mas a água representada em onda reflete a força dos mares e como essa força pode ser involuntária e impetuosa: não há nada que se possa fazer para detê-la, você apenas aceita seus movimentos e deixa que a força transformadora arrebate sua vida. É uma força que nunca para, sempre está em movimento e nunca descansa, dia ou noite.

Com o lançamento de MANIA, Pete Wentz divulgou um bilhete com seu sentimento final. Numa primeira leitura, o entendimento parece ser muito vago. Mas adotando esse últimos preceitos, parece que faz total sentido.

“O movimento constante de uma maré que vai e vem é uma natureza natural e torna-se uma vontade indestrutível – tirando do lugar sem nenhum cuidado areias que antes estavam ali, - uma transformação monstruosa se estabelecendo como uma onda de loucura, frenesi e acima de tudo à prova de balas. Eu não estou aqui por seu amor, eu estou aqui por todo o amor [pode se referir ao amor num contexto universal e cósmico], uma overdose de dopamina. Nós estamos vivendo dentro de MANIA agora mesmo, que nunca dorme, nunca pisca – arrebatado pra sempre por essa correnteza de raio de sol.”

A palavra “ondas” e o contexto de praia, mar e etc são bem aparentes em quase todas as músicas, principalmente na antepenúltima faixa, Sunshine Riptide, que abordaremos detalhadamente mais pra frente.

5. A morte na cultura ocidental como tabu.
Texto de Octavio Paz:

“Para o habitante de Nova York, Paris ou Londres, a morte é a palavra que jamais se pronuncia porque queima os lábios. O mexicano, ao contrário, a frequenta, burla-se dela, a acaricia, dorme com ela, a festeja, é um de seus brinquedos favoritos e seu amor mais permanente. Claro, em sua atitude há quiçá tanto medo como na dos outros; mas pelo menos não se esconde nem a esconde; a contempla cara a cara com impaciência, desdém ou ironia: “se vão me matar amanhã, que me matem de uma vez””.

Existe uma diferença bem polarizada sobre como as sociedades enxergam a morte. O povo oriental tem uma consciência espiritual em relação a vida (e a morte, obviamente) muito mais evoluída.

O Fall Out Boy não teve medo de “jogar” com isso durante todo o álbum. São dezenas de citações e trechos que evidenciam a morte em variados sentidos, chocando assim quem não tem uma visão tão evoluída diante do tema, mas eis aqui o recado logo na primeira música: “Fique frio, Royal Milk Tea” (tradução livre de Stay Frosty Royal Milk Tea)

Royal Milk Tea é um chá feito no Japão e exclusivamente de origem oriental. Muito provavelmente escolheram essa referência para fazer alusão a essa cultura, por meio de um chavão gringo que significa “servir o chá”, algo que se assemelha ao nosso “jogar uma indireta e ainda fazer deboche’.

A banda lançou em 02 de novembro, dia de finados, o clipe para seu segundo single, “Hold me Tigh or Don’t”. O clipe carrega uma aesthetic muito bem trabalhada, feita sob o conceito do Dia de Los Muertos, uma festa que celebra a Morte como algo que não acaba, mas se renova. Um culto ao passado para honrar o presente e o futuro que se aproxima. Durante o clipe, uma atriz caracterizada de Catrina (a famosa caveira mexicana) aparece o tempo todo.

Aceitar a morte como fator inexorável da vida é admitir nossa insignificância humana perante o universo. Uma natureza incontestável compreensível a partir da adoção de uma consciência mais espiritualizada e evoluída. Talvez esta seja a principal lição aprendida por "Wilson"; este apenas aceita que foi pego pela "correnteza natural" e nada contra isso pode fazer.

6. Sunshine Riptide, a faixa que conclui todo o conceito adotado para o álbum
Antepenultima faixa, Sunshine Riptide é a única música com participação creditada de outro artista. Para entender a música e seu significado, pense em Wilson como um animal preso em um espécie de Zoológico.

Ele está preso dentro de sua cela, cercado de vidros sob a mira de espectadores. Isso tem muita relação com o mundo da fama, a forma como o Fall Out Boy foi criticado de fora por mudar suas raízes e o quanto isso afetou negativamente os integrantes, fator que impulsionou o hiato da banda em 2009.

Claramente Wilson sofreu tanto as mazelas do mundo que chegou a pensar que isso seria capaz de anular todo o sentimento bom que ainda havia nele. E apesar disso, ele sempre lutou contra essa possibilidade. A parte sobre dirigir em direção a praia, pode se referir a uma fuga. Antes, preso em uma jaula de zoologico. Agora, solto sem nenhum lugar especifico em mente, apenas dirige pela costa até chegar a praia mais próxima.

No segundo verso, parece que nos contam sobre uma relação com prazo de validade. Algo já programado para acabar, onde até mesmo "Wilson" assume que está apenas seguindo um roteiro sem nenhuma responsabilidade. A referência as foxholes* (trincheiras) também pode significar como o mundo da fama é visto sob a visão do narrador, uma guerra impiedosa onde até sua fé é testada. Essa parte é muito importante, provavelmente deve ter sido aqui que Pete Wentz revela seu intuito de adquirir uma perspectiva mais espiritualizada depois de tudo que viu e viveu. Então ele joga a toalha e se entrega.

Porque eu estou preso nessa correnteza de raio de sol.
Dançando sozinho na luz da manhã
A correnteza de raio de sol veio como uma onda quando eu estava me sentindo bem

O refrão é bem forte e tem uma sonoridade com tons de reggae, o que remete a sensação de você estar numa praia em uma manhã ensolarada. Riptide, em inglês, é o nome dado aquela corrente forte de água que passa entre mares e rios e independente do seu esforço para nadar contra, ela vai te prender e arrastar na direção que ela quiser. O fato do Fall Out Boy atribuir Raio de Sol como uma característica a essa correnteza, pode ter uma interpretação bem simples: alusão ao 7ª Raio Violeta. A correnteza natural da espiritualidade que ele mesmo invocou e aceitou ser arrebatado e levado.

Essa correnteza é MANIA. Violeta, purificadora, impiedosa e natural. #faloutboy

Fonte:Blasting News



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